UDINE, 02 FEV (ANSA) – Após mais de sete décadas de divisão, os grupos de partigiani – como são chamados os heróis da resistência antifascista na Itália – católicos e comunistas anunciaram uma histórica reconciliação.   

A celebração da pacificação ocorrerá no próximo domingo (5), em um evento em Udine, no nordeste do país, para lembrar os 72 anos do Massacre de Porzûs, quando 17 combatentes das Brigadas Osoppo, de orientação democrata-cristã, foram mortos por guerrilheiros ligados ao Partido Comunista Italiano.   

Em fevereiro de 1945, as Brigadas Osoppo lutavam contra um batalhão do marechal Josip Broz Tito que pretendia anexar a região de Friuli à então incipiente República Socialista da Iugoslávia. No entanto, a tropa partigiana foi atacada em Porzûs, uma zona de cabanas na cidade italiana de Faedis, por um comando comunista chefiado por Mario Toffanin, mais conhecido como “Giacca”.   

Este último agiu sob ordens do 9º Corpo Esloveno, que tentava eliminar uma brigada que não reconhecia a jurisdição iugoslava sobre terras italianas – nascido em Pádua, “Giacca” havia liderado guerrilheiros comunistas na Croácia contra os invasores nazifascistas.   

O Massacre de Porzûs é um dos episódios mais trágicos e controversos da resistência italiana e foi ignorado durante muitos anos, até que, em 1992, o então presidente da República, Francesco Cossiga, visitou Friuli e acusou comunistas de terem combatido pela instauração de uma ditadura no país. A tragédia virou até tema de um filme chamado “Porzûs”, do diretor Renzo Martinelli, lançado em 1997.   

No próximo domingo, a Associação Nacional dos Partigiani da Itália (Anpi), que reúne diversas alas da resistência, principalmente as de origem comunista, enviará pela primeira vez uma delegação para a cerimônia em recordação do massacre, a convite da Associação Partigiana Osoppo-Friuli.   

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“O nosso juízo sobre os fatos de Porzûs não mudou. É um episódio triste, brutal, execrável. Eram partigiani, e precisam ser respeitados, mas confundir e identificar a resistência em Friuli com os fatos de Porzûs seria reducionista. 3 mil pessoas morreram”, declarou o presidente da Anpi em Udine, Dino Spanghero. (ANSA)


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