TEL AVIV, 13 OUT (ANSA) – Após 738 dias de agonia, o Hamas libertou na manhã desta segunda-feira (13) os últimos 20 reféns israelenses vivos que haviam sido sequestrados nos atentados terroristas de 7 de outubro de 2023, em um passo significativo que aumenta a esperança para o fim definitivo da brutal guerra na Faixa de Gaza.
A soltura ocorreu em duas etapas. Na primeira, o grupo islamita entregou sete pessoas à Cruz Vermelha no norte do enclave palestino: Alon Ohel, Eitan Mor, Guy Gilboa-Dalal, Matan Angrest, Omri Miran e os gêmeos Gali e Ziv Berman.
Cerca de 1h30 depois, o Hamas restituiu os outros 13 reféns, mas desta vez na região de Khan Younis, no sul de Gaza. São eles: Ariel Cunio, Avinatan Or, Bar Kupershtein, David Cunio, Eitan Horn, Elkana Bohbot, Evyatar David, Matan Zangauker, Maxim Herkin, Nimrod Cohen, Rom Braslavski, Segev Kalfon e Yosef-Chaim Ohana.
Todos caminhavam de forma autônoma, apesar do estado fragilizado depois de dois anos de cativeiro. “Tudo agora parece mais belo, tudo parece melhor, as cores estão no ar”, celebrou Ilan Gilboa-Dalal, pai de Guy Gilboa-Dalal, que havia sido sequestrado no festival Nova, rave que acontecia perto do enclave palestino no dia dos atentados.
Em troca, o país judeu soltou de suas cadeias 1.966 prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua e mais de 1,7 mil detidos durante a atual guerra na Faixa de Gaza. “Declaramos nosso compromisso em relação ao acordo e a seus prazos, desde que Israel também os respeite”, disse o grupo islâmico em um comunicado após libertar os reféns.
Já o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou sua viagem a Sharm el-Sheikh, no Egito, onde será realizada a cerimônia oficial de assinatura do acordo de cessar-fogo, para participar das festividades no país judeu. O Hamas também deve restituir ainda nesta segunda-feira os corpos de vários dos 28 reféns que morreram durante o cativeiro.
Os 20 sobreviventes foram levados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) para uma base militar no sul do país, de onde foram encaminhados a hospitais. Existe a expectativa de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que desembarcou em solo israelense enquanto a libertação era concluída, visite alguns deles.
“Após tantos anos incessantes de guerras e perigos sem fim, hoje o céu está tranquilo, as armas se calaram, as sirenes não soam mais, e o sol nasce em uma Terra Santa finalmente em paz. É o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”, afirmou Trump em um discurso no Parlamento israelense.
“Israel venceu tudo o que se podia com a força das armas.
Agora é o momento de transformar essas vitórias contra os terroristas no prêmio final: paz e prosperidade para todo o Oriente Médio”, acrescentou.
Até o momento, no entanto, Israel e Hamas concordaram apenas com a primeira fase do plano de paz do presidente dos EUA, que previa a libertação dos reféns e dos prisioneiros palestinos e a retirada das IDF para a chamada “linha amarela”, perímetro que corresponde a 53% do território da Gaza.
As questões relativas ao desarmamento do grupo e à gestão da Faixa serão enfrentadas nas próximas rodadas das tratativas. Na trégua do início deste ano, não houve avanço nesses temas, e o conflito foi retomado por Israel. (ANSA).