Fabrício Queiroz prestou na quarta-feira, 15, seu primeiro depoimento ao Ministério Público do Rio no âmbito da investigação sobre as “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro. A primeira convocação foi feita há 19 meses, mas, na ocasião, ele se limitou a apresentar um esclarecimento por escrito aos promotores.

O depoimento foi prestado em vídeo. Queiroz está em casa, na zona oeste do Rio, cumprindo prisão domiciliar. Ele tem a companhia da mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, que estava foragida antes da decisão do Superior Tribunal de Justiça favorável ao casal. O suposto operador de Flávio Bolsonaro foi preso no dia 18 de junho e solto na última sexta-feira.

Procurado para comentar o depoimento, o advogado de Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, disse que não pode revelar o teor do que foi dito aos investigadores por causa do sigilo imposto ao processo.

O ex-assessor foi ouvido pelos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção, que toca a investigação contra Flávio e seus antigos funcionários na Assembleia Legislativa do Rio, quando o hoje senador era deputado estadual. O interrogatório foi noticiado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Estadão. No último dia 7, o filho do presidente Jair Bolsonaro também prestou seu primeiro depoimento após 18 meses da convocação inicial.

Enquanto isso, o MP aguarda o desfecho do julgamento sobre o foro do senador pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apresentar a primeira denúncia do Caso Queiroz. O processo corre há cerca de dois anos na Promotoria. A principal medida cautelar adotada ao longo da investigação foi a própria prisão preventiva de Queiroz, acusado de tentar obstruir as apurações. Além disso, o MP conseguiu na Justiça quebras de sigilo e mandados de busca e apreensão que renderam materiais importantes para embasar as acusações.

No início deste mês, o Estadão revelou mensagens inéditas contidas no celular de Márcia que mostravam como a família de Queiroz lidava com Frederick Wassef, ex-advogado de Flávio que escondeu o ex-assessor em Atibaia. O jornal também noticiou a existência de uma espécie de caderneta-guia com orientações de Queiroz a Márcia caso ele fosse preso – havia nela, por exemplo, contatos da família Bolsonaro.