NOVA YORK, 13 ABR (ANSA) – O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu nesta quinta-feira (13) encerrar a missão da ONU no Haiti (Minustah), que conta com grande participação das Forças Armadas do Brasil.
Os 15 membros do órgão aprovaram uma resolução que estende o mandato da Minustah por um período final de seis meses, para permitir a retirada gradual dos “capacetes azuis”, com prazo para a saída completa fixado em 15 de outubro de 2017.
O Conselho de Segurança também deu seu aval à criação de uma nova missão, a Minujusth, que será menor e ficará durante seis meses no Haiti, com 1.275 agentes, para monitorar a formação de sua polícia nacional.
Além disso, foi pedido para o secretário-geral da ONU, António Guterres, tomar “todas as medidas necessárias” para que os soldados da Minustah respeitem a política de tolerância zero para abusos e exploração sexual.
Um relatório secreto divulgado nesta semana denunciou o envolvimento de 134 “capacetes azuis” do Sri Lanka em um esquema de prostituição de menores na nação caribenha. Uma das vítimas, uma adolescente entre 12 e 15 anos, teria feito sexo em troca de pagamento com cerca de 50 soldados das Nações Unidas.
A ONU estima que mais de 2 mil casos de abusos sexuais envolvendo seus representantes tenham ocorrido nos últimos 12 anos em todo o mundo. Até o momento, nenhum agente da organização no Haiti foi preso.
“A transição marca uma reviravolta, transferindo a atenção da estabilização para o reforço institucional”, declarou o embaixador Inigo Lambertini, vice-representante permanente da Itália nas Nações Unidas – o país europeu ocupa um assento temporário no Conselho de Segurança.
A Minustah foi criada em 30 de abril de 2004 e tinha como objetivo restaurar a ordem no Haiti após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. O mandato da missão foi prorrogado em outubro de 2010, ano do terremoto que devastou boa parte do país e deixou entre 100 mil e 300 mil mortos.
O comando militar da Minustah foi exercido sobretudo por brasileiros, como o general Ajax Porto Pinheiro, que lidera a missão desde 2015. A posse do presidente Jovenel Moise, em fevereiro passado, foi determinante para a decisão do Conselho de Segurança de retirar suas tropas do Haiti. (ANSA)