Considerada no Brasil a “Luta do Século”, o combate entre Anderson Silva e Vitor Belfort, no UFC 126, completa 10 anos nesta sexta-feira (5). Valendo o cinturão do peso-médio da organização, os lutadores brasileiros se enfrentaram em Las Vegas, nos Estados Unidos.

No entanto, quem não se lembra ou ainda não viu a luta, o que era para ser um confronto histórico acabou em poucos segundos com a vitória do Spider. Anderson simplismente nocauteou Belfort com um chute frontal que atingiu em cheio o rosto de Vitor.

“Ele teve a maior sorte da vida dele, que foi ali. Eu tinha certeza que ia ganhar dele, que eu ia nocautear ele. Ele sabia disso. Se ele não acertasse aquele chute, foi aquele chute que ele tinha e viu que poderia ganhar, o próprio time dele falava, eu tinha convicção. Se eu botasse a mão nele, ele ia pro chão. Não tem jeito”, disparou Belfort, em entrevista ao Combate.com.

Como de costume, a semana que antecedeu aquela luta foi recheada de declarações forte e provocações de ambas as partes. Até mesmo a famosa encarada após a pesagem foi considerada uma das mais tensas. Vale lembrar que Silva usou uma máscara para provocar Belfort, o qual tinha dito que o Spider tinha duas caras.

“Acho que foi uma encarada normal. Foi do momento. Ele teve a criatividade dele, quando falei que ele era um homem de duas caras, né? Ele literalmente trouxe a terceira (risos). Têm pessoas que têm uma cara, duas e três. Ele trouxe a terceira. Foi bem criativo. Tiro o chapéu para o time dele” disse Vitor.

Anderson Silva encarando Vitor Belfort (Crédito:Reprodução)

Anderson Silva e Vitor Belfort foram companheiros de treinos anos antes desta luta, e a marcação do duelo deixou o campeão dos médios na ocasião irritado, já que, para ele, o Fenômeno estava quebrando um código de honra entre os lutadores por enfrentar um ex-parceiro de academia. O carioca, no entanto, acredita que ter feito este combate foi fundamental para o crescimento do MMA.

– Eu sempre tive na cabeça que no Brasil a gente tinha que pensar como profissional. E, no Brasil, a gente tinha muito aquela coisa de ir para o pessoal. O Anderson levou para o lado errado, apesar de ele ter ganho, de ele ter crescido, de o nome dele ter crescido. Ninguém naquela época dava muita atenção para o que ele tinha feito. O lutador tem sempre um pensamento muito voltado só para a luta”, começa.

“Não costuma pensar adiante. Existem os Moisés de todo deserto. Que abrem as águas. Eu fui o cara que abriu essa água, naquela época todo mundo era contra, depois veio o André Pederneiras, o cara que mais me apoiou nisso, nas minhas decisões, um cara que teve uma visão de empreendedorismo na luta e, com isso, as pessoas foram ficando muito mais à vontade. Depois eu vejo o Renzo (Gracie), um cara que conseguiu abrir uma academia para todo mundo, parou com esse negócio de turminha, né? – contou, acrescentando que hoje este tipo de situação já é visto com mais naturalidade”, completa.

Lembranças da luta

Apesar dos poucos segundos de luta, o combate envolve toda uma preparação e foi um dos processos para estar apito para a luta que marcou Belfort.

“A perda de peso foi uma coisa difícil pra mim, me lembro disso. E lembro que eu falava o quão pequena era a cabeça do lutador, de achar que era alguma coisa pessoal. Eu falei: “Quando é que a gente vai poder crescer? Quando é que a gente vai poder tornar este esporte maior, os lutadores vão poder ter vozes, não vão ser usados pelos promotores?”. Meu pensamento é: “Quando é que os lutadores vão poder ser empresários, né?”. E hoje em dia a gente tem a referência de um irlandês (Conor McGregor) que conseguiu transferir isso. Falo que ele conseguiu ser um divisor de águas, sim”, relata Vitor.

Questionado sobre uma possível revanche, o lutador carioca disse que aceitaria enfrentar o Spider novamente.

“Se for um bom business, porque não? Lutas assim seriam economicamente muito boas e acho que trabalharia um conteúdo novo. A maneira que a luta gira, os youtubers estão ganhando”, finalizou.