Eleito em primeiro turno, com uma vitória expressiva sobre o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (56% a 35%), inclusive na capital mineira, onde bateu seu oponente por 46% a 42%, o governador reeleito, Romeu Zema, acaba de anunciar seu apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro.

Ideologicamente contrário a tudo o que prega o petismo, nada mais natural, portanto, o caminho escolhido por Zema. Até porque, além desse fato, só ele e seus valorosos companheiros de governo sabem o que passaram – e passam! – para recuperar Minas da hecatombe promovida pelo ex-governador Fernando Pimentel, do PT.

O que aguarda-se, pois, com muita ansiedade, não é a declaração formal de apoio a Bolsonaro, mas como se dará. Por exemplo: será participação de fato na campanha? Será presença em palanques? Será fazendo a ponte com prefeitos aliados? Será, o que me parece imprudente e improvável, atacando ferozmente o chefão petista?

Zema tem de lembrar que, caso Lula seja eleito, será com ele as conversas sobre recuperação fiscal e outros assuntos de interesse do estado. E mais: em 2026, caso siga mesmo à disputa pelo Planalto, Chico Bento precisará, para se eleger, dos votos também da esquerda. Implodir tudo, como faz Bolsonaro, não me parece a melhor estratégia.

O governador mineiro precisará contar com o apoio do PL, partido do presidente, na Assembleia de Minas Gerais. O Novo perdeu quadros importantes no legislativo estadual e federal, como a deputada estadual Laura Serrano e o deputado federal Lucas Gonzales, dois jovens brilhantes, negligenciados por eleitores que preferem populismo e lacração.

Assim, manter um olho no gato e outro no peixe será fundamental para o sucesso do novo mandato de Romeu Zema. Apoiar Bolsonaro, sim. Atacar Lula, não. Parece-me que será este o caminho escolhido pelo governador. Até porque, convenhamos, nunca se sabe o que é mais arriscado: brigar com a esquerda brasileira ou apoiar alguém como Bolsonaro.