Parlamentares do PP governistas e opositores reconhecem que o anúncio de oito diretórios regionais de apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff teve efeito apenas político, mas, na prática, não deve provocar mudança prática na posição da bancada sobre o assunto.

Nesse domingo, 10, a ala pró-impeachment divulgou nota informando que os diretórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo e Acre apoiarão o impeachment. Juntas, as bancadas desses diretórios possuem 19 deputados federais.

Parlamentares do PP oposicionistas e governistas lembram, no entanto, que a decisão dos diretórios foi tomada por maioria, ou seja, nem todos os deputados e senadores desses Estados votarão a favor do impeachment. Um exemplo é o deputado Nelson Meurer, que é do Paraná, que se declara contra o afastamento de Dilma.

“Não mudou nada. A diretoria não tem controle sobre os votos”, afirmou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). Pelas contas do dirigente partidário, dos atuais 47 deputados do partido, 25 são contra o impeachment e 20 a favor. O restante, afirma, está no rol dos parlamentares “indecisos”.

Um deputado da ala oposicionista do PP que prefere o anonimato vai na mesma linha de Ciro. “Esses diretórios já eram a favor do impeachment”, diz. Ele, contudo, rebate as contas de Ciro Nogueira e diz que “já passam de 25” os deputados do PP que são a favor do impedimento de Dilma.

Na semana passada, Nogueira afirmou que o PP ainda não tirou uma posição oficial sobre o tema. E ressaltou que a direção do partido não “perseguirá” – ou seja, não punirá – os parlamentares que votarem de forma diferente da maioria da sigla.

O PP tem negociado tanto mais espaço no governo Dilma em troca de apoio contra o impeachment, como com o vice-presidente Michel Temer, que assumirá a presidência da República caso a petista seja afastada. Nas últimas semanas, o partido ganhou vários cargos no segundo e terceiro escalões do governo Dilma.