Milhares de apoiadores do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, protestaram nesta quinta-feira (8) para exigir à Suprema Corte um novo procurador-geral para substituir o atual, Francisco Barbosa, que está no final de seu mandato e a quem o presidente de esquerda acusa de tentar derrubá-lo.

Sindicalistas, estudantes e partidos de esquerda responderam à convocação do mandatário para se manifestarem nas principais cidades do país no dia em que os 23 magistrados da Suprema Corte se reuniram para votar em uma lista restrita de juristas apresentada por Petro no final do ano passado.

Nenhum dos candidatos obteve neste quinta os 16 votos necessários para assumir o cargo. Caso isso não aconteça até 12 de fevereiro, o Ministério Público ficaria temporariamente a cargo da vice-procuradora-geral, Martha Mancera, braço direito de Barbosa.

“Estamos vivendo uma situação muito difícil neste país, temos um procurador que está mais ao lado dos bandidos […] um procurador que quer adiar seu processo de substituição”, disse à AFP Alexander Chala, um ex-militar reformado que marchou até a Praça de Bolívar, no centro de Bogotá.

No fim de semana, a imprensa colombiana revelou um relatório de inteligência que implica Mancera em um esquema para acobertar um funcionário da Procuradoria-Geral que supostamente colaborava com narcotraficantes.

Cerca de mil pessoas estiveram presentes na manifestação em frente à sede da Suprema Corte. Além disso, dezenas se reuniram em frente à sede principal do MP.

Também foram registradas mobilizações nas cidades de Medellín e Cali.

No último fim de semana, Petro acusou Barbosa de querer derrubá-lo por meio de uma investigação sobre doações que um sindicato de trabalhadores fez à sua campanha, supostamente violando os limites estabelecidos por lei. O presidente também convocou protestos, mas hoje suavizou o tom.

“Não é certo dizer que a mobilização de hoje foi ordenada por mim, nem que é um instrumento de pressão contra a corte, à qual dei todo o meu respaldo e garantia. Se os grupos interessados decidirem desesperadamente pela ruptura institucional, haverá uma resposta popular contundente e sem violência”, escreveu Petro na rede X.

Os manifestantes iniciaram a marcha pela manhã e, no início da tarde, seguiam reunidos no centro de Bogotá.

“Estamos aqui para exigir a saída do procurador e que a lista proposta pelo presidente da República possa avançar e que finalmente tenhamos […] um procurador adequado para enfrentar o submundo”, disse à AFP o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Transportes, Francisco Mora.

Seu clamor, no entanto, não foi ouvido pelos magistrados.

“Nos reunimos em condições normais. Avançamos à votação para a eleição do procurador-geral; fizemos duas rodadas de votação e nenhum candidato alcançou o número de votos necessário”, disse à imprensa o presidente da corte, Gerson Chaverra.

Segundo ele, o tribunal continuará a votação em sua próxima plenária, no final de fevereiro.

Em janeiro, o MP apresentou acusações de lavagem de dinheiro contra Nicolás Petro, filho do presidente.

Segundo o órgão acusador, o mais velho dos herdeiros de Petro teria recebido recursos do tráfico de drogas durante sua campanha presidencial em 2022, na qual teve papel fundamental na conquista de apoio no norte do país.

A audiência preparatória deste julgamento será realizada em 29 de abril.

Nicolás Petro está em liberdade condicional e nega que seu pai tivesse conhecimento do dinheiro de narcotraficantes em sua campanha.

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