Apoiadores do líder opositor venezuelano Juan Guaidó abandonaram nesta quarta-feira (13), no fim da tarde, a embaixada da Venezuela em Brasília, que mantiveram parcialmente ocupada desde a manhã, informou a assessoria da embaixadora designada por Guaidó no Brasil, Maria Teresa Belandria.

A ocupação que, segundo Belandria contou com o apoio de alguns funcionários da embaixada, durou mais de treze horas e exigiu a atuação da polícia para evitar distúrbios na entrada da representação diplomática entre simpatizantes de Guaidó e defensores do presidente bolivariano, Nicolás Maduro.

“Nossa saída foi produto das negociações”, disse à AFP a assessoria de Belandria.

“Hoje, eficazmente, conseguimos reverter o ataque de parte dos inimigos do processo revolucionário”, declarou Freddy Meregote, encarregado de negócios da Venezuela no Brasil.

Duzentos simpatizantes brasileiros de Maduro – muitos identificados com bandeiras e camisetas do Partido dos Trabalhadores (PT) e outros grupos de esquerda – comemoraram a retirada nas portas da embaixada, que permaneceu durante todo o dia isolada por um cordão policial.

O incidente ocorreu enquanto a capital federal sedia a cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), dividido sobre a questão venezuelana: Rússia e China são os principais aliados de Maduro, enquanto o Brasil faz parte dos cerca de 50 países que reconhecem Guaidó como presidente encarregado da Venezuela.

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O Palácio do Planalto esclareceu que o “Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela, por partidários do senhor Juan Guaidó”. Pouco depois, emitiu uma correção do comunicado, eliminando a última linha e evitando afirmar que “partidários de Guaidó” teriam invadido a sede diplomática.

Em um tuíte postado no começo da tarde, o presidente Jair Bolsonaro repudiou a “interferência de atores externos” .

“Estamos tomando as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, escreveu.

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, tinha exigido, pouco antes, o respeito desta convenção e responsabilizado o governo do Brasil pela segurança do pessoal e das instalações.

Após a evacuação da embaixada, Arreaza “agradeceu” quem apoiou sua delegação em Brasília.

A Venezuela não tem embaixador no Brasil desde 2016, quando Maduro ordenou a retirada em represália ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).


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