A empresa 99 vai oferecer, a partir do dia 31, corridas a preços similares aos do Uber, mas feitas por táxis – que podem andar nas faixas exclusivas para ônibus. A companhia anunciou ontem o 99POP, serviço de transporte individual privado, liberado pela Prefeitura, a exemplo do que já fazem as empresas Cabify, Easy e Über.

A princípio, segundo a empresa, as corridas de aplicativo serão feitas por 1 mil carros cadastrados, com placa cinza – em uma operação tipo Beta, em teste. Entretanto, se não houver nenhum desses carros perto do passageiro, e o tempo de espera foi superior a três minutos, a corrida será oferecida aos taxistas que já trabalham com a 99. Caberá ao motorista decidir se aceita fazer a corrida a “preço Uber” ou não. Estudos feitos pela empresa estimam que viagens feitas por corredor de ônibus chegam a ser de 30% a 46% mais rápidas do que aquelas que seguem pelo viário comum.

O modelo foi adotado após contatos com os principais concorrentes do Uber no mercado global – a chinesa Didi Chuxing e a americana Lyft. As empresas trabalham em uma parceria já chamada de “aliança antiuber”. Consiste em desenvolver formas de oferecer produtos muito mais adaptados a cada mercado regional – no caso de São Paulo, a iniciativa foi buscar formas de usar as faixas exclusivas de ônibus, tipo de viário que não existe em todas as cidades do mundo.

Segundo a 99, a experiência chinesa mostrou que oferecer as corridas mais baratas, “tipo Uber”, a taxistas comuns fez o número de viagens – e a renda – dos motoristas crescer. “Devemos também cobrar um porcentual menor para os parceiros do 99POP”, disse um dos dirigentes da empresa Peter Fernandez, “porque nosso modelo também precisa ser sustentável para o motorista”.

“Terra sem lei”

Os taxistas, por outro lado, têm um modo bem diferente de ver a situação. O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Natalício Bezerra, afirmou que “São Paulo virou uma terra sem lei” e destacou que os taxistas não poderiam cobrar tarifas abaixo dos valores da bandeirada. “A bandeirada é ou não é uma tarifa pública?”, indagou. Atualmente, pelas regras da administração municipal, o valor do taxímetro é a quantia máxima a ser cobrada, mas não há um limite de desconto.

Ainda na visão do representante sindical, a oferta de corridas a preços mais em conta para passageiros de táxi seria prejudicial para o consumidor porque, segundo Bezerra, “o passageiro ficaria em dúvida” sobre o serviço. A Prefeitura informou que o modelo da 99 não foi formalmente apresentado – mas será avaliado. Uma das dúvidas é se os táxis que oferecerem corrida mais barata terão de pagar a outorga de R$ 0,10 por km rodado que é exigida dos apps, conforme a regulamentação local.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.