Aplicações de IA deverão se dividir entre nuvens públicas e privadas, diz Dell

Coluna: André Cardozo

Coluna que cobre temas como cloud computing, Inteligência Artificial e outras tendências do mundo da tecnologia. Editada por André Cardozo, jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura de tecnologia

Aplicações de IA deverão se dividir entre nuvens públicas e privadas, diz Dell

André Cardozo
Diego Puertas, presidente da Dell no Brasil, durante o Dell Forum AI Edition Foto: André Cardozo

Os grandes players de nuvem pública têm investido fortunas para hospedar aplicações de IA em suas estruturas. Mas parte delas deve acabar rodando em nuvens privadas ou híbridas. Essa é uma aposta da Dell, que produz e vende servidores, equipamentos de rede e estrutura para datacenters tanto de players de nuvem quanto de empresas que têm suas próprias infraestruturas.

“Em nossas conversas com clientes, falamos muito em multicloud. O ponto aí é escolher onde a aplicação vai rodar, de acordo com a natureza, a criticidade e outras características do negócio”, afirmou Diego Puerta, presidente da Dell Brasil, em encontro com jornalistas durante o Dell Forum AI Edition, realizado nesta quarta-feira (30) em São Paulo.

Para o executivo, no caso de aplicações de AI, os dados terão um papel importante na decisão de onde rodar a aplicação. “Hoje acredito mais em uma aplicação de IA rodando na ponta (edge) do que em uma nuvem mais centralizada, ou 100% pública, devido a questões como velocidade e custo”, diz.

Ana Oliveira, diretora-sênior do Centro de Inovação e IA da Dell, acrescenta que a personalização também é um fator a ser considerado. “Se o dado é privado, da empresa, muitas vezes o modelo de linguagem não vai conseguir responder de forma adequada a uma pergunta sobre esse dado, pois não foi treinado nesse contexto. Então as empresas vão precisar de alguma forma adicionar um contexto, incluindo aí dados sigilosos. Se for esse o caso, é melhor rodar a aplicação de IA em um ambiente privado”, diz.

Segurança e privacidade de dados também são aspectos a serem avaliados, segundo Ana. “Os hyperscalers dizem que há toda a segurança em seus modelos, que o dado não será usado em outro lugar etc. Mas sabemos que muitos desses modelos trabalham com técnicas de aprendizado reforçado, então existe a chance de o dado ir parar em algum lugar que não seja do interesse da empresa”, observou

Adiar IA não é opção

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Amy Webb defende que empresas adotem IA rapidamente

Seja em nuvem pública ou privada, a adoção de tecnologias de IA é algo urgente para as empresas, segundo Amy Webb. Em palestra durante o evento da Dell, ela comparou o atual momento com outros pontos decisivos na história da tecnologia. “Ocasionalmente, surge uma tendência que é muito mais do que apenas uma tecnologia, mas sim a base sobre a qual todos os outros avanços virão. Isso ocorreu com a máquina a vapor, a eletricidade, a internet e ocorre agora com IA”, disse Webb.

Impacto de R$ 27 bilhões no Brasil

Durante o evento, foi divulgado um estudo de impacto econômico das atividades da Dell no Brasil. Segundo a pesquisa, realizada pela S&P Global, o impacto foi de R$ 27,4 bilhões no ano de 2023. Este valor inclui não só a Dell, mas também todo o ecossistema de parceiros da empresa, como companhias de logística, revendedores e de outros setores. A pesquisa levou em conta três tipos de despesas:

  • Gastos Diretos: Despesas operacionais e de capital da Dell Brasil.
  • Gastos dos Fornecedores: Despesas geradas por todos os parceiros e fornecedores para atender a Dell.
  • Gastos Induzidos: Despesas realizadas a partir do salário dos funcionários da Dell e dos fornecedores.

Ao todo, de acordo com o estudo, a empresa ajuda a manter 101 mil empregos diretos, indiretos e induzidos.