04/09/2019 - 18:12
Os juros futuros engataram nesta quarta-feira a segunda sessão seguida de queda, influenciados pelo bom desempenho das moedas de economias emergentes em meio à melhora no apetite pelo risco no exterior. A trajetória descendente das taxas já era vista pela manhã e ganhou força à tarde, quando chegaram às mínimas no momento em que aqui o dólar recuava abaixo dos R$ 4,10 nas mínimas intraday. Apesar da permanência das incertezas com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a quarta-feira teve um pacote de notícias a encorajar o investidor. Com o alívio nos prêmios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2025 voltou a fechar abaixo de 7% pela primeira vez em dez dias.
A do DI para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 5,42%, de 5,499% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 em 6,46%, de 6,561%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,99%, de 7,091% no ajuste. A última vez em que a taxa deste contrato havia encerrado abaixo de 7% foi em 23 de agosto (6,94%).
O dia começou com PMIs benignos na China e a informação de que o governo de Hong Kong retirou a lei de extradição, que causava os protestos no país nas últimas semanas. À tarde, vários diretores do Federal Reserve deram declarações indicando que o processo de suavização monetária nos Estados Unidos pode ser um pouco mais agressivo. Ainda, o parlamento britânico aprovou lei que impede um Brexit sem acordo.
O recuo é visto sem muita empolgação pelos profissionais nas mesas, ainda que mantidas as condições para um desaperto monetário. “O mercado vem de um período de bastante estresse, então é natural que num dia com noticias positivas haja esse ajuste, mas o clima deve seguir mais deteriorado. Os ruídos externos vão continuar pesando, em função da guerra comercial e desaceleração global”, afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi. “Ok, o quadro global deve fazer com que os bancos centrais reduzam juros e isso achata as curvas, mas o papo de recessão também traz junto aversão ao risco”, completou.
Mesmo o que ocorreu no Reino Unido tem de ser visto com cautela, na medida em que nos últimos meses a ex-primeira-ministra britânica Theresa May tentou sem sucesso um acordo para a saída da União Europeia.
No Brasil, a boa notícia é que o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sobre a reforma da Previdência, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, por 18 a 7. Por outro lado, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, calculou em R$ 63 bilhões o nível de desidratação da reforma após o relatório. Com isso, o potencial de economia cairia de R$ 933,5 bilhões, do texto aprovado na Câmara, para R$ 870,5 bilhões em uma década.