Após anunciar aposentadoria do Supremo tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 9, o ministro Luís Roberto Barroso foi questionado sobre o perfil do possível sucessor da vaga. O magistrado evitou citar nomes, mas enfatizou que há “muitas mulheres e muitos homens” aptos para o cargo, alegando ser um defensor da presença feminina nos tribunais.
“Há homens e mulheres capazes. Sou um defensor de mais mulheres nos tribunais superiores como uma regra geral. […] Vejo com simpatia a escolha recair para uma mulher, mas não quero, com isso, dizer que eu esteja excluindo diversos cavalheiros que também tem a pretensão de vir e merecimento” , disparou durante coletiva.
Apesar do apoio expressado por Barroso, o STF só teve três mulheres ao longo de toda existência, que já completa 134 anos. Em contrapartida, durante sua história, a Corte já abrigou 169 ministros homens.
Os ministros do Supremo são escolhidos pelo presidente da República em atuação – seleção que ocorre sempre que uma das 11 cadeiras fica vaga. A única condição da Constituição é que seja um “cidadão com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”.
+ Cármen Lúcia: a mulher séria no clube do bolinha
Quem são as três mulheres que já passaram pelo STF
Ellen Gracie (2000-2011)
- Indicada por: Fernando Henrique Cardoso
Ellen Gracie entrou para a história como a primeira mulher a integrar o Supremo Tribunal Federal. Nomeada por FHC nos ano 2000, é graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, no biênio 2006-2008, também tornou-se a primeira mulher a presidir o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Cármen Lúcia (2006-)
- Indicada por: Luiz Inácio Lula da Silva
Cármen Lúcia foi a segunda mulher nomeada para integrar a Corte e segue como uma das figuras jurídicas de maior proeminência na atualidade. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) – onde também lecionou – a magistrada construiu uma carreira como procuradora do Estado de Minas Gerais e exerceu a advocacia antes de compor o STF.
Nos dias atuais, ela é uma das cinco pessoas que formam a Primeira Turma da Corte, com votos marcados pela técnica, clareza e rigor jurídico. Em 2012, a ministra tornou-se a primeira mulher na história do País a presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), função que se repetiu em 2024.
No biênio 2016-2018, Cármen Lúcia tornou-se a segunda mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atrás de Ellen Gracie.
Rosa Weber (2011-2023)
- Indicada por: Dilma Rousseff
Terceira mulher a integrar o STF, Rosa Weber tem origem na magistratura do Trabalho. Atuou como juíza em diversas instâncias até ser promovida a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em 2006, órgão no qual permaneceu até sua indicação para o STF.
Weber ocupou posições de relevância, incluindo a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições gerais de 2018. Posteriormente, presidiu o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no biênio 2022-2023. Sua gestão na presidência da Corte foi pautada pela defesa das instituições e do Estado Democrático de Direito, especialmente durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.