O cineasta iraniano Jafar Panahi, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e recentemente condenado à prisão no Irã por “atividades de propaganda”, afirmou nesta quinta-feira (4) que pretende voltar ao país quando concluir sua turnê internacional pelos Oscars.
“Embora tenha tido a oportunidade, mesmo nos anos mais difíceis, nunca pensei em deixar meu país para ser um refugiado”, disse o diretor de “Foi Apenas um Acidente” durante o Festival Internacional de Cinema de Marrakech, em declarações publicadas pela Variety.
“Só tenho um passaporte”, acrescentou em farsi, traduzido para o inglês. “É o passaporte do meu país e pretendo mantê-lo”.
A Justiça lhe impôs um ano de prisão, além de uma proibição de viajar por dois anos e de aderir a qualquer grupo político ou social, informou na segunda-feira seu advogado, Mostafa Nili, que afirmou que recorrerá.
“O país onde vivemos é o melhor lugar para viver, não importam os problemas, as dificuldades”, insistiu o cineasta, de 65 anos.
“Meu país é o lugar onde posso respirar, onde posso encontrar um motivo para viver e onde encontro força para criar. Os problemas que o Irã enfrenta hoje são temporários”, declarou.
Panahi, que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim em 2015 por “Táxi Teerã”, já esteve duas vezes na prisão. A primeira, em 2010, durante 86 dias; e depois por sete meses, entre 2022 e 2023. Ele foi libertado após uma greve de fome.
Foi proibido de deixar o país por 15 anos, até que, em maio passado, pôde viajar a Cannes, no sul da França, para apresentar “Foi Apenas um Acidente”.
Atualmente, está em uma turnê internacional para promover seu filme na corrida pelo Oscar, no qual representará a França na categoria de melhor filme estrangeiro.
“Essa condenação chega no meio desse processo, mas vou terminar minha campanha e retornarei ao Irã assim que possível”, afirmou.
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