Espectadores com objetos alusivos ao carismático ídolo, Lewis Hamilton pilotando um carro icônico e um capacete gigante para lembrar o falecido herói: apesar da chuva, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 homenageou o lendário Ayrton Senna.

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O Autódromo de Interlagos, em São Paulo, que neste domingo (3) recebeu a vigésima primeira etapa da temporada 2024, pode atestar o quão viva a memória do piloto brasileiro, campeão mundial em 1988, 1990 e 1991, continua viva no trigésimo aniversário de sua morte.

Os organizadores, torcedores e atletas atuais e antigos prestaram homenagem ao longo do fim de semana a quem muitos consideram o melhor piloto da história, falecido aos 34 anos no dia 1º de maio de 1994, após sofrer um acidente no Grande Prêmio da Itália em Ímola.

“Cada vez que viemos é uma oportunidade de fazer isso (homenagear Senna)”, disse o britânico Lewis Hamilton (Mercedes), ao chegar nesta quinta-feira ao circuito de São Paulo vestindo uma camiseta que tinha o rosto do brasileiro estampado com a mensagem “Descanse em paz”.

Lágrimas, alegria e críticas

Após o treino classificatório, adiado para este domingo devido às fortes chuvas que caíram no sábado, o heptacampeão mundial pilotou o carro da McLaren, com o qual seu ídolo conquistou o campeonato de 1990, na pista molhada do Autódromo de Interlagos.

Ele provocou lágrimas e alegria no público – que cantava “Olê, olê, olê, Senna, Senna” – ao parar o carro para pegar uma bandeira do Brasil e minutos depois, quando a ginasta brasileira Rebeca Andrade lhe mostrou o bandeira quadriculada.

“Foi muito emocionante, revivi minha infância, quando vi o Ayrton pilotar e vencer. Ainda não acredito que tive essa oportunidade. Ele é o maior de todos”, disse Hamilton, figura muito querida no Brasil, onde recebeu o título de cidadão honorário em 2022.

Sua participação, porém, não agradou a todos. Os ex-pilotos locais de F1 Rubens Barrichello e Emerson Fittipaldi, vencedor dos campeonatos de 1972 e 1974, criticaram o fato de um estrangeiro pilotar o icônico carro.

“Aqui no Brasil não ser um brasileiro comemorando o carro do Ayrton? Desculpe, mas é um chute fora do gol”, disse Fittipaldi ao site do UOL.

Tributo de Vettel

Antes do início das competições em Interlagos, onde o lendário piloto brasileiro venceu em 1991 e 1993, o tetracampeão mundial Sebastian Vettel apresentou na quinta-feira um carro especial, semelhante aos carros alegóricos exibidos nos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro.

Junto com os artistas Matthias Garff (Alemanha) e Mundano (Brasil), o ex-piloto alemão construiu um capacete gigante amarelo, verde e azul com materiais recicláveis, como o que Senna usava, na tentativa de preservar o legado do brasileiro.

“Ayrton significa muito no Brasil, então pensamos: vamos construir um capacete, mas não vamos apenas construir um capacete, vamos torná-lo diferente e enfatizar outra questão, que é o meio ambiente e a gestão de resíduos”, disse Vettel ao site oficial da F1.

A maior parte dos integrantes do grid assistiu à apresentação do tributo, no meio do circuito, que conta com murais em homenagem ao ídolo dentro e fora de suas instalações.

O interior do capacete é decorado com fotos em preto e branco do astro e assinaturas dos pilotos de F1.

“Ele foi meu ídolo e meu herói desde muito jovem”, disse a revelação argentina Franco Colapinto (Williams), que muitos comparam a Senna devido à uma suposta semelhança física.