O veterinário Pedro Calazans salvou, nesta semana, um filhote de cachorro de ser engolido por uma sucuri. Ele e a esposa, identificada apenas como Sara, residem na cidade de Marabá (PA) e relataram em entrevista ao UOL que é comum encontrarem cobras na propriedade.

Por outro lado, nesse caso do ataque ao cachorro, o que chamou a atenção foi o tamanho da sucuri. Antes de soltá-la em segurança na natureza, Pedro fez uma avaliação detalhada e constatou que ela media 6,5 metros e tinha 68 kg.

“A gente chega na cozinha e encontra uma cobra, mas geralmente é uma jiboia de um ou dois metros”, relatou o veterinário.

Depois de ser resgatado, o filhote de apenas três meses recebeu o nome de Renato e deve ser adotado pelo casal. “Batizamos com esse nome porque quer dizer renascimento. Vamos acabar adotando ele”, disse Pedro, que frisou que o cachorrinho se recupera bem.

O veterinário relatou que tentou contato com órgãos ambientais, mas, como não obteve resposta, resolveu abrigar a sucuri e soltá-la no dia seguinte em uma reserva ambiental. “Escolhemos um lugar onde ela vai demorar mais tempo para ser morta, infelizmente.”

Matança contra animais nativos

Pedro Calazans contou que é paulista e vive há sete anos em Marabá, onde atua como autônomo prestando serviços em grandes fazendas com rebanhos de equinos e bovinos.

Ele aproveitou a conversa com o UOL para frisar que há na região uma matança de animais nativos, como as jiboias e sucuris.

“Existe uma cultura de matar esses animais, muito por questões culturais, mas também econômicas para evitar que matem animais dos rebanhos, como bezerros e galinhas, no caso da sucuri. Além do fato das pessoas nem saberem para onde encaminhá-los.”

Segundo ele, isso também acontece com outras espécies. “Já vi gente que ganha salário para matar onça, jaguatirica, sucuri. Já vi cobras quietas enroladas na árvore e vaqueiros indo buscar a arma para matar, sem elas poderem fazer nada. É um preconceito muito grande. As pessoas acham que tem que matar”, lamentou.

Outro ponto é que os órgãos que deveriam receber esses animais possuem estrutura restrita. “Falta recurso, gente e espaço para abrigá-los. As pessoas levam o animal e eles dizem que não podem ficar e mandam levar de volta. O que acontece é que elas vão matar para se livrar do problema”, concluiu Pedro.