Apagão na Espanha ocorreu devido a ‘fenômeno de sobretensões’ que provocou ‘reação em cadeia’

O apagão que afetou a Península Ibérica em 28 de abril foi provocado por “um fenômeno de sobretensões” na rede que provocou “uma reação em cadeia” segundo os resultados de um relatório divulgado pelo governo espanhol nesta terça-feira (17).

“O apagão de 28 de abril teve uma origem multifatorial”, disse a ministra espanhola da Transição Ecológica, Sara Aagesen, em uma coletiva de imprensa.

“O sistema não tinha capacidade de controle de tensão dinâmica suficiente” naquele dia, acrescentou ela, indicando que algumas empresas desconectaram suas centrais do sistema “de forma indevida (…) para proteger suas instalações”.

Segundo Aagesen, “uma vez iniciada esta reação em cadeia, as desconexões por sobretensão e sua tensão só teriam sido possíveis com uma enorme capacidade de regular a tensão (…) e justamente isso estava em falta no sistema”, explicou a ministra.

Essa incapacidade pode ter ocorrido por “vários motivos, seja por falta de planejamento, mas também porque diferentes operadoras não a estavam regulando de acordo com a norma”, acrescentou, insistindo no fato de que a Espanha teoricamente possui uma rede suficientemente sólida para enfrentar este tipo de situação.

Em relação ao planejamento, destacou que a capacidade de controle de tensão, programada diariamente pela operadora pública Red Eléctrica Española (REE), “foi a mais baixa desde o início de 2025”.

– Sem culpados –

Aagesen enfatizou que o relatório “não é um julgamento” e que novas investigações serão necessárias para identificar as “responsabilidades” de cada parte.

O regulador do mercado de ações espanhol iniciou uma investigação, assim como a Justiça espanhola e autoridades europeias.

O apagão deixou cidades na Espanha e em Portugal no escuro, além de afetar brevemente o sudoeste da França, e cortou as conexões de internet e telefone, deixando os cidadãos totalmente dependentes do rádio para descobrir o que estava acontecendo.

A queda de energia também interrompeu abruptamente o tráfego de trens, forçou o fechamento de escolas e comércios, e aqueles que permaneceram abertos não puderam receber pagamentos por cartão bancário.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou logo depois a criação de uma comissão de inquérito liderada pelo Ministério da Transição Ecológica, cujas conclusões foram apresentadas nesta terça-feira pela ministra, que pediu aos cidadãos que aguardem pelos resultados.

A oposição de direita criticou o plano do governo de eliminar gradualmente a energia nuclear e substituí-la por energias renováveis, argumentando que isso tornou a Espanha mais vulnerável a apagões.

No entanto, o governo alega que não há evidências que sugiram que “um excesso de energias renováveis ou uma falta de usinas nucleares” causaram a crise.

Após o incidente, também foi levantada a hipóteses de ataque cibernético, descartada nesta terça-feira por Aagesen, que, no entanto, mencionou “vulnerabilidades” e “deficiências” no sistema de segurança da rede elétrica espanhola, para as quais serão propostas medidas corretivas.

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