Completando 28 anos de carreira, Leona Cavalli falou sobre seus novos trabalhos, que estreiam fora das emissoras tradicionais, e analisou as oportunidades profissionais que surgiram além das novelas.

Em cartaz na peça “Fausto”, com Zé Celso Martinez Correa, com quem começou, Leona lança, também neste ano, o monólogo “O Elogio da Loucura”, com direção de Eduardo Figueiredo, em novembro, a série “O Rei da TV”, no Star+, e atua no filme “A Cerca”, com direção do Rogerio Gomes, o Papinha.

Aos 52 anos, a atriz ainda lembrou de experiências que considera sobrenaturais e dispensou a maternidade: “Amo crianças, mas nunca senti o desejo vital de engravidar”, revela.

Leia entrevista completa a seguir:

Como estão, na sua opinião, as oportunidades de trabalho para os atores?

Acho que existe uma abertura muito positiva na comunicação, natural, no mundo inteiro. A internet, o streaming, e outras tecnologias estão cada vez mais populares. Eu mesma, tenho trabalhado em vários canais e isso traz uma diversidade e expanção de público que adoro. Pessoalmente, nunca senti falta de espaço nas emissoras tradicionais, ao contrário, fiz muitas novelas de sucesso na Globo, e uma na Record; mas gosto também dos outros canais. Apresentei temporadas de um programa de cinema no Canal Brasil, e acabei de fazer duas temporadas da série ” O Rei da TV “, no Star+, que vai estrear em outubro. Para mim, tem sido muito positivo, e, para a maioria de meus colegas, também.

Você estreia, em breve, um filme que narra experiências sobrenaturais. Já teve alguma?

Sim, muitas. Sinto que algo é “sobrenatural” quando vai além da realidade material cotidiana; e, nesse sentido, a própria arte é feita de aspectos sobrenaturais, pois lidamos o tempo todo com inspiração, e ela não tem lógica. Por outro lado, sempre fui muito intuitiva, minha avó era clarividente e benzedeira, então, sempre percebi a vida com vários outros aspectos além dos físicos. Várias vezes senti que já estive num determinado lugar ou com algumas pessoas em outros tempos – como quando me apresentei no Templo de Isis, no Egito, por exemplo. Era um monólogo, num local onde nunca havia sido apresentada uma peça, tivemos que pedir autorização dos Ministérios da Cultura e do Turismo para essa apresentação. Foi algo indescritível. Acho que todo ser humano lida com isso, somos todos sensoriais, mas, como não há uma explicação racional, diz-se que é “sobre – natural”.

Como enxerga o momento atual do Brasil?

Acho que estamos vivendo uma profunda onda de transformação, com várias coisas que antes eram ocultas vindo à tona; e isso é terrível, pois vemos a realidade do assolador desrespeito com a natureza, com a saúde, com a educação, com a própria vida, o aumento do racismo, da violência contra as mulheres, a ameaça à democracia e à liberdade. Mas, por outro lado, é bom que possamos enxergar, pois fica mais possível de lidar. Precisamos urgentemente de uma mudança, sermos realmente mais solidários, humanos, integradores, justos e amorosos. Como está não dá. A transformação é o que temos de mais atual e urgente.

Você já quis ser mãe?

Não me sinto pressionada a ter filhos. Amo crianças, mas nunca senti realmente um desejo vital de engravidar, e só teria dessa forma. Pessoalmente, não sofro de preconceito, eu simplesmente vivo como me sinto bem; não acho que seja a melhor ou a pior forma, é apenas a minha.