26/07/2021 - 11:01
Foram três anúncios de aposentadoria – Sydney 2000, Londres 2012 e Rio 2016 – antes de Oksana Chusovitina realmente se despedir da ginástica artística. O fim da usbeque na modalidade aconteceu neste domingo (25) após sua oitava participação nos Jogos Olímpicos. A atleta, que só competia na categoria de salto, não conseguiu classificação para a final. Ela ficou na 14.ª colocação e apenas oito ginastas disputam medalhas. Apesar de não ter tido um resultado promissor, Oksana saiu ovacionada por atletas, técnicos e jornalistas do Centro de Ginástica Ariake.
Ela não tem a história mais vitoriosa da ginástica artística. Foram oito participações e apenas duas medalhas. Uma de ouro na sua estreia em 1992 nos jogos de Barcelona, quando defendia a Equipe Unificada, e outra de prata em Pequim 2008, durante sua participação no time da Alemanha. Porém, ela é um exemplo e referência devido a sua carreira marcante. Em Tóquio, chegou a um feito histórico. Aos 46 anos, se tornou a atleta da ginástica feminina mais velha a competir em uma Olimpíada em toda a história.
Durante essas três décadas nos jogos, ela defendeu três equipes: a Equipe Unificada, formada por atletas de países da antiga União Soviética, Alemanha e o Usbequistão, seu país natal. Mesmo com uma idade mais avançada que as demais competidoras, em nenhum momento a ginasta se intimidou. Antes mesmo das Olimpíadas começarem, em entrevista à Associated Press, já havia declarado que “no pódio, todos são iguais, sejam de 40 ou 16 anos”.
HISTÓRIA – Nascida em 1975, Oksana começou sua carreira na ginástica aos 13 anos. Em 1991, representou a União Soviética no Campeonato Mundial e um ano depois a Comunidade dos Estados Independentes nos Jogos Olímpicos de Barcelona com a ‘Equipe Unificada’, de onde saiu como vencedora da competição junto com as demais meninas que completavam o grupo. Após o fim da União Soviética e a independência do Usbequistão, a atleta começou a competir pelo país natal, mas não chegou a nenhum pódio.
O reencontro com a vitória só aconteceu nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, quando já defendia a Alemanha há 6 anos. A escolha pela troca de país aconteceu após descobrir em 2002 que seu filho, Alisher, estava com leucemia. Os germânicos ofereceram ajuda e tratamento, mas para isso ela e o marido, Bachadir Kurbanov, da luta olímpica, teriam que defender a equipe alemã. Eles aceitaram. No mesmo ano em que ganhou sua segunda medalha, a de prata, e dessa vez de forma individual, o garoto também superou a doença. Ela ficou na equipe da Alemanha até 2012. Após uma frustrante Olimpíada, quando não conseguiu se classificar para a final do salto, decidiu voltar a representar o Usbequistão, equipe que defendeu até hoje e que tentava a primeira medalha da modalidade para o país.
PRÓXIMOS PASSOS – Mesmo com a aposentadoria, Oksana não pretende abandonar o esporte. Ela quer abrir uma academia de ginástica em Tashkent para passar seu legado para as novas gerações. Com sua história, quer mostrar para jovens atletas que elas podem continuar competindo independente da idade. “Se eu for um modelo para uma ou duas outras atletas mulheres que olhem para mim e decidem prolongar sua longevidade no esporte, estou honrada.” declarou.
Apesar de ter voltado atrás de três anúncios de aposentadoria, ela diz que agora é definitivo, “achei que deveria terminar minha carreira nos Jogos de Tóquio, e agora não vou mudar meus planos”. O filho Alisher, de 22 anos, foi um dos motivos para ela tomar essa decisão. Se no passado optou por trocar de equipe por causa dele, agora também o colocou à frente de tudo “quero passar mais tempo com meu filho. Ele vai para a universidade esse ano, na Itália, e quero estar perto”.