Movimentos sociais e sindicais realizam atos em defesa da democracia e de eleições livres nesta quinta-feira, 11, em todo o País. Ao todo, mais de 65 manifestações são esperadas nas capitais e em algumas cidades do interior. Essas mobilizações têm como objetivo se somar à leitura pública da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, que foi realizada nesta manhã no Largo São Francisco, em São Paulo.

No Largo São Francisco, a leitura pública da carta marcou o aniversário de 195 anos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD-USP). Haverá dois atos: o primeiro às 10h, no Salão Nobre, com a leitura de manifesto subscrito por 107 entidades, e o segundo às 11h30 com a leitura da missiva. O documento foi originalmente assinado por 3 mil pessoas e divulgado no final de julho. Além da USP, outras 39 universidades farão a leitura ao longo do dia.

A carta pela democracia é uma reação aos ataques ao processo eleitoral feitos pelo presidente Jair Bolsonaro, que, sem provas, tem colocado em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas. Todos os principais candidatos à Presidência, com exceção de Bolsonaro, são signatários. O atual chefe do Executivo chamou de “cara de pau” e “sem caráter” quem aderiu ao movimento.

O ato é inspirado na Carta aos Brasileiros de 1977 – um texto de repúdio ao regime militar, redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lido também no Largo de São Francisco. Naquele ano, a faculdade celebraria os 150 anos e o então diretor da escola, Ruy Barbosa Nogueira, indicou o professor Alfredo Buzaid, ex-ministro da Justiça do governo Médici, para conduzir a comissão das atividades de festejos.

Um grupo de alunos das Arcadas, inconformados que o instituto fosse homenageado por um dos defensores do AI-5, organizou o evento alternativo, um marco que rompeu o silêncio imposto pela ditadura militar. Agentes secretos do governo tentaram desqualificar a carta de 1977, dizendo que poucos professores aderiram ao movimento.

Dos 20 signatários vivos, apenas Modesto Carvalhosa não assinou o novo manifesto da Faculdade de Direito da USP. “O movimento é muito legítimo, mas faz elogios ao Supremo Tribunal Federal. Eu não concordo com os elogios, portanto não posso assinar uma carta que, embora defenda os princípios democráticos, faz elogios ao Supremo”, afirmou Carvalhosa.

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Entre os quase 900 mil signatários estão ex-ministros dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, banqueiros, membros do Ministério Público Federal, subprocuradores-gerais da República.

A carta ainda teve apoio da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e inspirou uma manifestação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em defesa da democracia, que pede a estabilidade democrática, o respeito ao estado de direito e o desenvolvimento como o “sentido maior” do 7 de Setembro deste ano. Mais de 100 entidades assinaram o documento da Fiesp.

Dos presidenciáveis, Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’Ávila também aderiram ao manifesto. O candidato a vice na chapa do PT, Geraldo Alckmin (PSB), também assinou.

No Rio de Janeiro, a carta será lida simultaneamente à da USP. O ato está marcado para os pilotis da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O espaço abrigou grandes manifestações estudantis contra a ditadura militar em 1977.


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