Ao STF, AGU afirma que governo não tem condições de impedir uso do Bolsa Família em bets

Ao STF, AGU afirma que governo não tem condições de impedir uso do Bolsa Família em bets

A AGU (Advocacia Geral da União) afirmou, em recurso enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), que o governo não tem condições técnicas para impedir o uso do dinheiro do programa social “Bolsa Família” para pagar apostas esportivas online.

No documento, ao qual o site IstoÉ teve acesso, a AGU argumentou que as contas bancárias do Bolsa Família não são utilizadas apenas para o benefício e o governo não tem como “microgerenciar” os gastos de cada família para saber para onde vai o dinheiro recebido. A AGU alega ainda que mesmo que vetasse todos os cartões de débito dos beneficiários, a administração federal não teria como impedir pagamentos via PIX ou cartões pré-pagos.

“Desse modo, conquanto louvável e necessária a preocupação com a situação econômica de indivíduos e famílias vulneráveis, a adoção de ‘medidas imediatas’ encontra barreiras de ordem prática de difícil superação, razão pela qual faz-se imprescindível o aclaramento do acórdão recorrido […]”, completou.

A AGU também pediu que a Corte esclareça quais programas sociais são alcançados pela decisão e se os Estados autorizados a explorar as “bets” também são obrigados a cumprir a decisão.

A solicitação do órgão foi protocolada na noite de quinta-feira, 12, e deve ser analisada pelo ministro Luiz Fux. Porém não há prazo para uma decisão.

Em novembro deste ano, o magistrado determinou que o governo desenvolvesse mecanismos para impedir que o dinheiro do Bolsa Família fosse “desviado” para atividades de risco, como os sites de apostas online.

Ao apresentar o recurso, a AGU reuniu argumentos de diferentes órgãos do governo atingidos pela decisão do ministro. No entanto ponderou que o Executivo é a favor das “premissas” da decisão.

“As razões recursais ora apresentadas não pretendem manifestar discordância com as premissas conceituais constantes do acórdão embargado, as quais estão alicerçadas em preceitos constitucionais voltados à defesa da saúde mental, especialmente das crianças e adolescentes, assim como à proteção econômica de indivíduos e famílias vulneráveis”, disse a AGU.