O gesto de Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB e aliado de primeira hora do presidente Bolsonaro de resistir à prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do TSE, mostra como será a estratégia bolsonarista para não aceitar eventual vitória de Lula no próximo domingo, 30. Os aliados do mandatário, como ele próprio já demonstrou na reação contra as instituições e em relação ao presidente do TSE, estão deixando claro que não aceitarão p resultados das urnas caso o petista vença ou que o resultado final não seja a vitória do capitão.

Quando Jefferson gravou o vídeo com as ofensas inomináveis à ministra Cármen Lúcia, uma fonte do STF disse à ISTOÉ que o ex-deputado teria a prisão decretada, mas que isso teria que acontecer após as eleições para não tumultuar o clima eleitoral, faltando uma semana. “Ele está pedindo para ser preso. Quer se transformar em mártir e incendiar o processo eleitoral”, disse uma fonte do STF.

Pois bem. O objetivo de Jefferson era exatamente criar o clima que ele está criando, de caos institucional e front de guerra. É óbvio que ele sabia que suas ofensas à ministra Cármen Lúcia, a quem chamou de “prostituta” e lhe dirigiu ofensas sexistas jamais vistas, sobretudo em se tratando de uma magistrada respeitadíssima, ex-presidente do STF, acabaria na decretação de sua prisão. Ao ministro Alexandre não restou outra alternativa a não ser decretar a prisão de Jefferson neste domingo. Até porque a reação da sociedade, de juristas, políticos e até de outros ministros do Tribunal, foi no sentido de que não se deveria protelar uma decisão enérgica contra o ex-deputado, até para coibir novas manifestações do gênero, de total desrespeito ao Poder Judiciário.

Mas Jefferson já tinha a reação à prisão calculada. O objeto dele era mesmo criar o impasse e desrespeitar uma ordem judicial do presidente do TSE, na tentativa de desmoralizar uma decisão do ministro, para desacreditar, na sequência inclusive a proclamação do resultado eleitoral de domingo que vem, caso o resultado não seja a vitória de Bolsonaro.

Vale lembrar aqui que o próprio presidente  Bolsonaro disse várias vezes, inclusive no Sete de Setembro do ano passado, que não respeitaria mais decisões de Alexandre de Moraes, e que quase levou a uma crise institucional, que necessitou da intervenção do ex-presidente Temer para apaziguar a situação.

Agora, é Jefferson que dá a largada nesse processo de desacreditar as decisões do presidente do TSE. Quando resiste à prisão, dispara tiros em policiais e diz que não se entrega e que não aceitará cumprir uma medida judicial de :”Xandão”, como ele se refere ao ministro do TSE, Jefferson, um criminoso contumaz, preso no mensalão e investigado por fake news e atos antidemocráticos, sinaliza aos demais bolsonaristas que eles podem reagir à bala caso Lula vença. Mostra que Bolsonaro pode repetir no Brasil o que Trump fez nos EUA com a invasão do Capitólio para não dar posse a Biden.

Portanto, estamos entrando num momento muito turbulento, na reta final das eleições de domingo que vem, em que os bolsonaristas e extremistas de direita, como Jefferson, mostram que estarem dispostos a tudo para não aceitar a derrota e nem o resultado das urnas a ser divulgado domingo que vem pelo presidente do TSE.