Os bombeiros, apoiados por soldados e voluntários civis, lutam incansavelmente nesta quarta-feira (11) para tentar conter uma série de incêndios, que devastam o norte da Argélia e já causaram 65 mortes.

“O número de mortos pelos incêndios florestais subiu para 65 (28 soldados e 37 civis) principalmente em Tizi Ouzou”, segundo o balanço divulgado pela televisão oficial, que acrescentou que 12 soldados tiveram de ser “hospitalizados em situação crítica”.

Esses incêndios, em que as autoridades privilegiam a hipótese “criminosa”, assolam várias regiões da Cabília, incluindo a cidade de Tizi Ouzou e arredores, enquanto imagens impressionantes circulam nas redes sociais – junto com pedidos de socorro – com árvores queimadas, gado morrendo por sufocamento e povoados cercados por chamas.

Imagens obtidas pela AFP mostram habitantes da região tentando desesperadamente apagar um incêndio, que teve o foco inicial em pequenos galhos secos.

Enquanto a Argélia enfrenta uma onda de calor extremo, os ventos espalham o fogo e complicam a tarefa das equipes de resgate, de acordo com Yucef Uld Mohamed, um bombeiro florestal local, citado pela agência de notícias oficial APS.

O porta-voz da Proteção Civil, Nasim Barnaui, declarou nesta quarta-feira a jornalistas que 69 incêndios ainda estão ativos em 17 localidades. Os mais importantes estão em Tizi Ouzou, que também sofreu o maior número de mortes, com 16 vítimas fatais.

“Abandonei todos os meus pertences em meu vilarejo e fugi com minha esposa e três filhos para a cidade de Tizi Ouzou”, contou à AFP Abdelhamid Budraren, um comerciante da pequena cidade de Beni Yeni.

“Felizmente, tenho um apartamento no centro de Tizi Ouzou, onde nos refugiamos com minha família e alguns vizinhos”, destacou.

Desde terça-feira, as convocações para a organização de comboios solidários com os moradores das aldeias da região de Tizi Ouzou se multiplicaram nas redes sociais.

Os internautas pedem principalmente doações de alimentos, remédios e ajuda na busca de água para combater os incêndios.

– Quatro pessoas detidas –

Vários caminhões saíram da capital com equipamentos doados por cidadãos e comerciantes, confirmou um jornalista da AFP.

E, uma página de “Médicos” na rede Facebook publicou uma convocação por voluntários para ajudar a equipe do hospital de Tizi Ouzou.

Nas redes sociais, as autoridades também são instadas a solicitar ajuda internacional.

A pista criminal foi mencionada várias vezes pelas autoridades argelinas que, no entanto, não deram detalhes a este respeito.

A rádio pública anunciou a prisão de três “incendiários” em Medeia na terça-feira. Outro foi preso em Anaba, informou a APS.

Segundo o ministro do Interior, Kamel Beldjud, na segunda-feira à noite ocorreram cinquenta incêndios “de origem criminosa”, também facilitados pelas condições meteorológicas.

O primeiro-ministro Aiman Benabderahmane indicou um balanço de mais de 70 incêndios em 18 localidades o norte do país.

A Proteção Civil relatou quase 100 incêndios em 16 localidades.

Segundo os serviços meteorológicos argelinos, a onda de calor extremo no Magreb continuará até 15 de agosto, com temperaturas de até 46 ºC.

Na vizinha Tunísia atingiu 49ºC, mas 15 focos de incêndio no norte e noroeste do país felizmente não causaram vítimas.