‘Ajudo atletas a alcançarem contundentes resultados no esporte’. Assim se apresenta a coach mental Nell Salgado, que trabalha com grandes nomes do esporte como a judoca campeã olímpica e mundial Rafaela Silva e o lutador do UFC Santiago Ponzinibbio.

Diante dos ‘cases’ de sucesso, seria natural que Nell optasse por trabalhar com atletas do mais alto rendimento, porém, em entrevista ao LANCE! a coach salienta que o principal critério trabalhar com um atleta é a compatibilidade de expectativas de cada lado.

– Eu sempre gosto de fazer uma primeira entrevista para ver se aquele atleta serve para mim se é o tipo de atleta que eu quero trabalhar e vice-versa, porque as vezes também eu não sou o tipo de pessoa que ele quer trabalhar. Como eu tenho uma abordagem um pouco agressiva, as vezes ele não quer mesmo – disse.

– Sempre tem uma primeira entrevista que não é considerada uma sessão, porque eu preciso testar o nível de prontidão desse atleta. Ser campeão todo mundo diz que quer, mas a questão é qual nível que esse atleta está naquele momento, qual momento que ele está vivendo na carreira dele e se realmente está pronto para o processo de mudança e o processo mental que ele vai enfrentar do meu lado. Como a gente trabalha com performance, eu sou uma coach muito exigente e costumo dizer que eu sou um espinho na carne. Eu estou ali para me incomodar e fazer com que eles não se acomodem – completou.

Nell acredita que a experiência adquirida com atletas olímpicos a auxilia na hora de trabalhar na melhoria de performance dos atletas com quem trabalha ou que venha trabalhar.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

– Quando eu sou procurada eu já procuro saber quem é a pessoa, qual esporte que ela pratica. Estou nisso há 11 anos, mas há oito eu trabalho com esporte olímpico. Normalmente, eu já procuro um profissional da área, alguém que já conheça e que me diga o padrão daquele atleta e o nível dele, até porque ninguém quer se sentir um fracassado. Muitas vezes até inconscientemente ele conta histórias para ele, e se ele conta para ele, ele vai contar para mim. Eu quero saber qual é a real situação dele e aonde ele realmente pode chegar, pois quando determinarmos o objetivo do nosso trabalho, aquele objetivo ser real – disse.

A coach salienta ainda a importância de trabalhar de maneira diferenciada com cada modalidade para melhorar os resultados obtidos pelos atletas.

– Eu trabalho com muitas modalidades, eu estudo todas as modalidades, tenho ferramentas distintas que eu venho desenvolvendo ao longo dos anos para cada modalidade. Quando chega uma modalidade que eu nunca trabalhei, através de conversas com o próprio atleta e o treinador, eu vou buscar isso para montar essa ferramenta.

Os profissionais que trabalham com esporte olímpico a cada dia percebem a necessidade de utilizar diferentes artifícios na área mental para melhorar o desempenho dos atletas no momento das grandes competições. Para Nell, esse trabalho poderá ser melhor feito quando a preparação mental for vista como parte da comissão técnica e não apenas um complemento.

– Na minha humilde opinião, o que falta para a preparação mental ser valorizada e ser inserida, não como obrigação dentro de um clube, de uma instituição como enfeite pra dizer que tem um psicológico, acho que tem ser uma profissão respeitada como mais um membro da equipe. Treinar para somar e para obter o resultado que todo mundo quer. O que falta é humildade, profissionalismo. Cada um tem que saber o seu papel. Eu sou coach, eu posso entender muito de judô, mas eu não sou a sensei ou treinadora, então eu tenho que me ater ao meu papel – analisou.

– Existe uma máxima dentro desse processo, uma cultura no esporte que muitos treinadores dizem que são um pouco psicólogos, muitos fisioterapeutas, vários profissionais que trabalham numa equipe e é uma força de expressão que muita gente acaba acreditando de verdade. O Head Coach é dentro da modalidade, fazendo a preparação mental dentro da modalidade com direcionamento técnico daquilo que ele tem que fazer – conclui.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias