Pronto. Em questão de dias, os “bolsominions” que me xingam há quase quatro anos passarão a me adorar, e os “mortadelas”, que esqueceram minhas críticas à cleptocracia lulopetista, me adotando segundo o lema “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, passarão a me odiar. Fazer o que, né? Segundo Voltaire, “o segredo de aborrecer é dizer tudo”, e de acordo com Hubbard, “há apenas uma maneira de não receber críticas: não faça nada, não diga nada, não seja nada”.

Sim, estou feliz demais, é verdade, com a derrota de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e louco para esquecer seu nome e sua grotesca existência. Mas notem: jamais estive, ou estarei, contente com a vitória do líder do mensalão e do petrolão. Tenho o estranho hábito de não gostar de quem, a meu ver e segundo meus valores, não presta para nada, muito menos para ser presidente de um país tão miseravelmente sujo e complexo como é Banânia, vulgo o Brasil.

Desde domingo (30/10), estou mudo sobre o presidente eleito e sua equipe de transição. A um, que os lunáticos golpistas continuam pautando o debate político. A dois, que não vi até o momento, nada de concreto que desabone o novo governo em formação e que seja alguma novidade digna de comentário. Hoje, finalmente, quinta-feira (10/11), o chefão petista despertou o monstro petefóbico (termo cunhado pelo governador Zema) adormecido nesse coraçãozinho de meu Deus.

Em um discurso que parecia não ter fim, Lula, entre não dizer nada e dizer tudo o que sempre disse, ao falar sobre a fome e o velho chavão – legítimo, mas que nunca foi sua verdadeira preocupação – das “três refeições diárias”, caiu no choro, e pouco me importa se verdadeiro ou não, pois alguém que fez tudo o que ele fez, e deixou fazer tudo o que deixou fazer, só poderia chorar se de sentimento de culpa, o que não é o caso, pois insiste em se dizer “inocentado até na ONU”.

Eu torço muito para que este novo governo dê certo. Eu vivo aqui, trabalho aqui, minha família está aqui, meus amigos, ou o que sobrou deles, moram aqui. Além disso, o horror produzido pelo patriarca do clã das rachadinhas e das mansões compradas em dinheiro vivo ainda assombra o mundo dos civilizados, e não quero vê-lo voltar ao poder nem se pintado de Madre Teresa de Calcutá. Mas fechar os olhos para tamanhos cinismo e hipocrisia é algo que jamais fiz ou farei.

Valeu, Lula! Finalmente você começou. Já estava com saudade de te “xingar”. Agora, promete uma cachacinha e uma picanhazinha aí, vai! Já vi que serão longos e divertidos quatro anos. Mais quatro! Taqueopariu, viu?