ROMA, 3 DEZ (ANSA) – O diretor da Agência Italiana de Medicamentos (Aifa), equivalente do país à Anvisa, acusou o Reino Unido de agir movido por razões políticas ao acelerar a aprovação da vacina anti-Covid do consórcio Biontech/Pfizer.
O governo britânico iniciará a aplicação do imunizante BNT 162b já na próxima semana, colocando pressão sobre a agência de medicamentos da União Europeia (EMA), que havia prometido uma resposta sobre o registro da vacina no bloco até 29 de dezembro.
“Ninguém recebeu favoravelmente a iniciativa solo do Reino Unido, que é determinada principalmente por motivos políticos”, declarou o diretor da Aifa, Nicola Magrini, em entrevista nesta quinta-feira (3) à emissora Rai Radio 1.
Segundo Magrini, Londres acelerou a aprovação da vacina para “se mostrar em linha” com o Brexit, cuja fase de transição termina em 31 de dezembro de 2020.
Reino Unido e UE ainda tentam negociar um acordo comercial para evitar o restabelecimento de barreiras alfandegárias a partir de 1º de janeiro, mas as tratativas estão emperradas. Londres abrigou a sede da EMA até 2019, porém a agência foi transferida para Amsterdã por causa do Brexit.
“Acredito que essa escolha deles criará mais problemas do que soluções por causa da pequena quantidade de doses anunciadas, 400 mil, o que permite vacinar 200 mil pessoas. Se eu estivesse naquela situação, teria sérias dificuldades para decidir quem vacinar”, acrescentou o diretor da Aifa.
Na verdade, o governo britânico anunciou uma disponibilidade inicial de 800 mil doses, o suficiente para vacinar 400 mil indivíduos. Segundo o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, os primeiros imunizados serão profissionais da área da saúde, além de cuidadores e pacientes de casas de repouso.
Já o primeiro lote da BNT 162b para a Itália terá 3,4 milhões de doses e chegará ao país em janeiro. Os grupos prioritários são os mesmos daqueles estabelecidos pelo governo britânico. (ANSA).