O presidente Lula tem muitos inimigos, é verdade. Mas tem muitos amigos também. E dois deles estão aboletados no STF (Supremo Tribunal Federal), coincidentemente, ou não, ex-advogados do próprio mandatário e do PT.

Estou falando, obviamente, de Dias Toffoli e Cristiano Zanin. Um terceiro (amigo), aliás, Ricardo Lewandowski deixou a Suprema Corte há alguns dias, ainda que meu xará, a bem da verdade, fosse amigo de Marisa Letícia, a “galega” que Lula “xavecou” quando trabalhava no sindicato dos metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), no setor que atendia viúvas em busca de apoio emocional e financeiro .

Zanin tem sido alvo de ataques recorrentes das esquerdas por causa de seus votos recentes, tidos como conservadores. Não à toa, ontem, em sua live semanal (idiotice inaugurada por Jair Bolsonaro), Lula defendeu o sigilo dos votos dos ministros, a fim de preservá-los perante a opinião pública. O presidente quer, no limite, que a sociedade não conheça as decisões daqueles que são pagos por essa mesma sociedade.

Neste sentido, hoje ficamos sabendo de uma decisão do ministro Dias Toffoli, que anulou todas as provas contra Lula e demais condenados e ex-condenados, obtidas no âmbito das delações premiadas dos executivos da Odebrecht durante a chamada Operação Lava Jato, que desmantelou o maior esquema de corrupção da história do ocidente democrático.

A Lava Jato acabou faz tempo, e todos sabemos. Por ordem e graça do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, com apoio incondicional do ex-presidente Jair Bolsonaro, a força-tarefa foi extinta, tendo um fim melancólico, digno de republiqueta das bananas, após o Supremo fazer picadinho de todos os documentos, testemunhas, fatos incontroversos – inclusive réus confessos e devolução de bilhões de reais -, anulnado condenações de corruptos poderosos.

Mas Toffoli foi além. Disse que a prisão de seu amigo “foi um dos maiores erros judiciários da história do Brasil” e “tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra a lei”. Como dizemos em Minas: nóssinhora!

Então, ficamos assim: jamais existiram Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Marcelo Odebrecht e tantos outros corruptores que confessaram – e provaram! – seus crimes e devolveram parte do dinheiro que roubaram. Jamais existiram Sérgio Cabral, Antônio Palocci e as contas bilionárias encontradas em seus nomes. Na verdade, jamais existiram Lula da Silva, o sítio de Atibaia, o triplex do Guarujá, o terreno do Instituto Lula e a conta corrente “amigos”.

Querem saber? JBS e os irmãos Batista são obras da nossa imaginação. Como imaginação foram as mochilas e malas de dinheiro, o bunker milionário de Geddel Vieira, o primo do Aécio, os dólares na cueca, os pedalinhos dos netinhos do presidente, o filho apelidado de Ronaldinho dos Negócios, enfim, tudo o que vimos, ouvimos e lemos durante anos jamais existiu. Toffoli está certo. Lula é de fato a “alma mais honesta deff paíff” e os procuradores federais e sei lá quantos juízes, desembargadores e ministros são os verdadeiros criminosos.