Líder da Série B do Campeonato Brasileiro, com oito pontos de vantagem para o segundo colocado, o Bragantino está perto de conquistar o acesso à elite nacional. Para o técnico Antonio Carlos Zago, a fusão entre os clubes no primeiro semestre foi fundamental para o sucesso. Afinal, uniu a estrutura do Red Bull com uma torcida que faz cobranças e comemora a boa fase da equipe.

Confira a entrevista do treinador ao Estado, onde ele conta como tem sido trabalhar em sua “nova” casa.

Como foi essa montagem do elenco com a fusão dos clubes?

Não podemos falar só depois da parceria entre os clubes, porque a montagem começou antes, ainda como Red Bull Brasil. Jogamos a Copa Paulista e mantivemos a base para o Paulista deste ano, quando conquistamos o Troféu do Interior. Do Paulista para a Série B, já tínhamos uma base forte, escolhemos mais alguns jogadores do Bragantino e contratamos outros. O importante foi manter a base desde o ano passado. Nossa força é essa: os jogadores se conhecem e também conhecem o meu trabalho. Então estamos jogando um bom futebol que só com o tempo é possível atingir.

Esperava que o projeto desse certo tão cedo?

A mentalidade que eu carrego desde quando era jogador é a vontade de vencer sempre. Esperávamos fazer uma boa campanha, e as coisas aconteceram naturalmente.

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O que mais ajudou na fusão entre os clubes?

O mais importante dessa fusão foi a cidade (de Bragança Paulista) ter abraçado essa parceria. Temos uma boa média de público e você vê a cidade empolgada com o que o time vem fazendo na Série B. Não só pela liderança do campeonato, mas jogando um bom futebol. É isso que empolga também. Agora, temos uma casa, que é Bragança. Antes, jogávamos em Campinas e a torcida era composta por amigos e parentes, eram 500 pessoas por jogo. Agora tem uma torcida, uma cobrança que é importante, porque no futebol tem que se acostumar a ser cobrado. Tem essa pressão da torcida e mais imprensa também, e acho que isso tem ajudado.

O que muda trabalhar em um clube-empresa?

Tem mais estabilidade e segurança para trabalhar, principalmente para o treinador. E o que acontece aqui é com uma multinacional por trás, porque vimos o exemplo do Figueirense, que virou empresa e vem passando por dificuldades. Aqui temos segurança, pagamento em dia, estrutura boa para trabalhar… Temos tudo o que precisamos. Outra diferença é que aqui não tem conselheiros do dia a dia. Não tem esses caras enchendo o saco, então acho que fica mais tranquilo. Aqui tem o presidente e o diretor, que é o Thiago (Scuro), a quem eu me reporto.

Como está a ansiedade para o acesso?

Temos que estar ansiosos mesmo, não tem jeito. Vamos procurar conter um pouco na base da conversa. O mais importante é os jogadores estarem muito motivados.

Faz contas para o acesso e para o título?

A média que calculamos, com base nos últimos anos, é que de 60 a 65 pontos fica com pelo menos a quarta colocação (o time tem 54). Temos 11 jogos pela frente, então com mais três vitórias acho que conseguimos o acesso. Para o título, acredito que 70 pontos sejam necessários. Pensamos também em título, porque assim você deixa seu nome marcado na história do clube. A última Série B do Bragantino foi em 1989, então é importante para o clube ser campeão.

Acha que essa base dá para competir na Série A em 2020?

Vejo que temos uma base muito forte para disputar o campeonato no ano que vem. É um campeonato diferente, com pelo menos dez grandes equipes, é difícil. O primeiro objetivo é permanecer na Série A, fugir do rebaixamento. E é importante que todos estejam cientes disso aqui no clube, então é um bom caminho para que ano que vem possa ter tranquilidade para trabalhar.

Como vê o mercado de técnico no Brasil, com a volta dos “medalhões” e a chegada de estrangeiros?


Acho muito bom os estrangeiros. Não sei se é porque passei mais de dez anos da minha carreira como jogador fora (do País), mas acho que você sempre está aprendendo com os estrangeiros. O Sampaoli para mim é uma referência, o acompanho desde a Universidad de Chile. É um treinador que vem fazendo ótimo trabalho no Santos, pegou um time em que ninguém acreditava. O Jesus é um cara que está implementando novas ideias também. São treinadores que vêm fazendo um ótimo trabalho e acho que são exemplos para os mais jovens. Já a volta dos mais antigos eu nunca vi com tanta diferença, não acho que tem que ter essa questão de idade. Acho que eles são importantes. Nossa profissão cresceu nos últimos anos e pode melhorar mais.


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