Um grande número de antiguidades roubadas na Síria e no Iraque durante o “califado” do grupo Estado Islâmico (EI) permanece escondido na região para ser revendido – anunciou o coordenador da União Europeia na luta contra o terrorismo, Gilles de Kerchove, em Paris, na quinta-feira (7).

“Estou convencido de que muito do que foi roubado está armazenado ao redor da Síria e do Iraque, esperando que a atenção diminua para poder ser colocado em leilões, como Christie’s, ou Sotheby’s, dentro de seis, ou sete anos”, disse ele em um entrevista coletiva.

“Em sua propaganda, o Daesh [acrônimo do EI em árabe] destruía os sítios arqueológicos, mas, na realidade, o EI vendia permissões de escavação e roubava ele mesmo”, acrescentou.

Esta forma de financiamento era “marginal” para o EI, explica Kerchove, que garante ter trabalhado muito nessa questão.

A luta contra o tráfico de antiguidades é difícil, porque “muitas pessoas que compram não estão conscientes de que financiam terrorismo. Alguém pode até ter a impressão de que está prestando um serviço à humanidade, protegendo uma magnífica antiguidade da destruição”, detalha Kerchove.

“O comprador diz: ‘É melhor ter esta peça na minha coleção’. É um círculo vicioso. Como não há muitos casos que tenham chegado aos tribunais, a polícia conta com poucos recursos”, afirma.

Em diferentes ocasiões, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) denunciou os enormes danos causados pelos combates e pelas escavações clandestinas na Síria e no Iraque.