Depois de amargar o segundo ano consecutivo de queda nas vendas, o comércio brasileiro aguarda com expectativa a sexta edição da Black Friday, que neste ano será realizada na sexta-feira 25. Ao oferecerem descontos que podem chegar a até 80%, os lojistas planejam superar em pelo menos R$ 500 milhões o faturamento registrado no ano passado, de R$ 1,53 bilhão. Pela estimativa da blackfriday.com.br, idealizadora do evento, em 2016 ela deverá render cerca de R$ 2 bilhões, 34% a mais do que em 2015.

São números expressivos, que consolidam a Black Friday como um antídoto contra a crise e explicam a adesão cada vez maior dos comerciantes. “Desde que começamos, estamos dobrando de tamanho ano a ano”, afirma Ricardo Bove, diretor da blackfriday.com.br. Estima-se que cerca de 90% das empresas de e-commerce participem na próxima edição, além de boa parte das redes com lojas físicas.

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O dia dedicado exclusivamente a promoções – tradição importada dos Estados Unidos – subverteu o calendário nacional das datas de maior sucesso de vendas. Desde 2014, a Black Friday ocupa o primeiro lugar, passando à frente do Natal e do Dia das Mães. Na sexta-feira especial, em média vende-se de doze a quinze vezes mais do que em um dia comum. É por essa razão que empresas como a Mercado Livre empenham suas maiores ações promocionais para esses dias do final de novembro, e não mais nas semanas que antecedem o 25 de dezembro. “Nos quatro dias que dedicaremos ao evento, investiremos em marketing o equivalente ao que aplicamos em um mês”, diz Leandro Soares, diretor no Brasil da companhia de comércio online. Nas projeções da empresa, as vendas neste ano serão ainda mais fortes do que as de 2015, quando a Mercado Livre computou um crescimento de 244% no total de itens vendidos em comparação à 2014.

Outros grandes do setor, como a Americanas.com e o Submarino, resolveram se antecipar e fizeram uma espécie de prévia, oferecendo aos clientes descontos em vários produtos ao longo de novembro. As duas empresas se comprometeram a devolver em dobro a diferença do valor pago pelos clientes se os artigos adquiridos antes estiverem mais baratos ao longo dos dias da promoção.

O êxito da Black Friday ocorre como resultado de uma fórmula atraente para os consumidores, com ofertas únicas, e para as empresas, que aproveitam a oportunidade para queimar estoques. Isso é especialmente importante em um ano no qual os produtos se acumularam nas prateleiras por conta da recessão econômica. A percepção é a de que o consumidor esperou pelos descontos, principalmente em artigos de maior valor, como eletrônicos e eletrodomésticos. A aposta é que os campeões de vendas sejam os smartphones, seguidos pelos televisores, notebooks e eletrodomésticos. Não muito diferente do que foi em 2015, quando os líderes na preferência dos compradores foram os eletrodomésticos (R$ 371 milhões), celulares (R$ 328 milhões) e eletrônicos (R$ 240 milhões).

COMPRA SEGURA
Um item que deverá apresentar especial crescimento será o de turismo, com passagens aéreas e pacotes de viagem. O setor demorou a se integrar à iniciativa, mas desde que entrou com força nas ofertas de desconto experimentou uma procura fenomenal por parte dos consumidores. No ano passado, saiu da vigésima posição no ranking dos mais procurados para o décimo quinto lugar. Em 2016, espera-se que fique entre os dez mais adquiridos.

O sucesso trouxe maior concorrência entre as empresas e, portanto, necessidade de melhor organização e preparação. Cuidados foram tomados para que sejam evitados erros ocorridos em versões anteriores, como sites que não suportam os acessos ou departamentos de logística que não atendem às demandas. Outro ponto aprimorado foi a segurança nas compras online. Neste ano, o consumidor contará com um aplicativo – chamado Movimento Compre & Confie – para ajudá-lo a não cair em fraudes. Por meio dele, a cada compra online o usuário receberá uma notificação no celular. Se não reconhecer a transação, poderá negá-la. “Nosso objetivo é dar cada vez mais transparência ao processo de compra”, assegura Pedro Chiamulera, representante do recurso.

Como aproveitar os descontos e não cair em fraudes

• Confira os preços antes da sexta-feira. Dessa forma, você saberá se o produto está mesmo com desconto no dia da promoção

• Cheque se a loja possui dados como CNPJ, telefone fixo, filial física e se oferece serviço de atendimento ao consumidor

• Opte por sites que usam formas de pagamento que você conhece

• Tenha seus sistemas de proteção anti-vírus atualizados

• Prefira pagamento com cartão de crédito. Em caso de problema com a compra, é mais fácil pedir o ressarcimento do valor

• Desconfie de descontos muito expressivos, especialmente em produtos de grande saída, como smartphones

• Nas lojas físicas, não se deixe apressar pelos vendedores. Observe se a mercadoria está íntegra e informe-se sobre as condições de troca