Em 2008, quando a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional para sediar os Jogos que começam nos próximos dias, seria inimaginável pensar que o Brasil chegaria conflagrado ao maior evento de sua história. Sim, porque embora não haja tanques nas ruas, há uma guerra em curso no País e nada é mais sintomático do desarranjo nacional do que a decisão de quatro ex-presidentes vivos, José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, e de uma presidente sob julgamento no Senado, Dilma Rousseff, de não ir à abertura da Rio de 2016.

Esse fato inusitado certamente será registrado pela imprensa internacional e pelos historiadores do futuro como sintoma da falência de uma nação. O que terá acontecido com aquele Brasil do homem cordial e da solução pacífica de conflitos, idealizado nos livros de sociologia? Que veneno foi inoculado na sociedade brasileira para que cinco personagens centrais da redemocratização não possam mais se cumprimentar e se dar as mãos?

Se isso não bastasse, Lula, que deixou o cargo como o presidente mais popular da história do País, se viu forçado a recorrer à ONU, uma semana antes dos Jogos, alegando que o Brasil de hoje é incapaz de lhe oferecer garantias constitucionais e um julgamento justo. É nesse clima de guerra que o Rio e outras cidades brasileiras enfrentarão protestos contra e a favor do impeachment, que será decidido logo depois da competição.

Paralelamente, enquanto Usain Bolt estiver correndo e Michael Phelps nadando, 50 executivos da Odebrecht e da OAS estarão delatando praticamente todo o sistema político brasileiro. Pelas informações preliminares, serão atingidos expoentes de todos os partidos, incluindo diversos presidenciáveis.

Quando o Brasil acordar da festa olímpica, a guerra política chegará ao seu momento decisivo, em que duas alternativas serão colocadas: a destruição completa ou a discussão de uma anistia.

Agosto promete e, ao que tudo indica, nada ficará devendo a outros dois agostos que entraram para a história: o de 1954, quando Getúlio Vargas se suicidou, e o de 1961, quando se tentou impedir a posse de João Goulart, num prenúncio de 1964. Uma pena que o Brasil tenha jogado fora a oportunidade de aproveitar a Rio 2016 para projetar ao mundo uma imagem positiva.

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