TÓQUIO, 30 JUL (ANSA) – Responsável pelo maior número de medalhas na história olímpica da Itália, a esgrima azzurra virou alvo de questionamentos por causa do desempenho abaixo do esperado nas Olimpíadas de Tóquio.   

Faltando ainda duas modalidades para a conclusão do programa no Japão, a Itália é a segunda em número de medalhas, com cinco, atrás apenas do Comitê Olímpico Russo (seis), mas não faturou nenhum ouro, algo que não acontecia desde 1980.   

Até o momento, a equipe azzurra conquistou três pratas (Daniele Garozzo no florete masculino, Luigi Samele no sabre masculino e sabre masculino por equipes) e dois bronzes (feminino por equipes na espada e no florete).   

Ainda faltam as disputas por equipes do florete masculino e do sabre feminino, modalidades em que a Itália está em terceiro e segundo lugares, respectivamente, no ranking mundial.   

Curiosamente, o desempenho em número de medalhas até o momento é superior ao dos Jogos do Rio de Janeiro, quando o país subiu ao pódio quatro vezes (um ouro e três pratas), mas a falta de ouros em Tóquio colocou a condução da esgrima italiana na mira das críticas.   

Comentarista da emissora pública Rai, a ex-esgrimista Elisa Di Francisca, dona de dois ouros (2012) e uma prata (2016) em Olimpíadas, voltou suas armas contra o treinador de florete da equipe azzurra, Andrea Cipressa, também ele campeão olímpico (1984).   

“Na minha opinião, o comissário técnico pode ter algum problema se não consegue obter resultados”, declarou. Di Francisca questionou sobretudo as opções de Cipressa no florete feminino por equipes, no qual a Itália perdeu a semifinal para a França (43-45) após ter aberto 11 pontos de vantagem.   

A virada foi sacramentada no confronto entre a veterana Arianna Errigo e a francesa Ysaora Thibus, com a italiana perdendo a última parcial por 8 a 3. “Se eu fosse o treinador, teria fechado o assalto final com Alice Volpi [que competiu logo antes] porque Arianna Errigo não estava bem. Arianna é muito emotiva”, criticou.   

Já há rumores de que o novo presidente da Federação Italiana de Esgrima, Paolo Azzi, quer trocar não apenas Cipressa, mas também o técnico de espada, Sandro Cuomo, campeão olímpico em 1996.   

No início da semana, o presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni), Giovanni Malagò, foi questionado sobre o desempenho do país na esgrima, mas disse que vai comentar apenas depois do fim das competições.   

“Não quero dar um juízo hoje, farei minhas considerações daqui a quatro dias, podem ficar tranquilos. Parece-me mais correto esperar o resultado das provas por equipes”, afirmou o cartola na última terça-feira (27).   

Resposta – Integrante da equipe masculina de espada, que foi eliminada pelo time russo nas quartas de final em Tóquio, Marco Fichera declarou nesta sexta (30) que só resta “aceitar as críticas e seguir em frente”, mas pediu que o esforço dos atletas não seja colocado em dúvida.   

“O resultado é decepcionante, as críticas estão aí, e nós as aceitamos, mas não vamos tolerar críticas ao nosso profissionalismo. Dito isso, as críticas [ao desempenho] são justas”, acrescentou.   

Nas Olimpíadas de Londres, a Itália conquistou sete medalhas na esgrima, sendo três de ouro, duas de prata e duas de bronze; em Pequim, o mesmo número de pódios, mas com dois ouros e cinco bronzes.   

A Itália lidera o ranking histórico de medalhas na esgrima, com 130 no total (49 ouros, 46 pratas e 35 bronzes). Esse esporte também é a principal fonte de medalhas para o país nas Olimpíadas, com mais do que o segundo e o terceiro colocados (ciclismo e atletismo, ambos com 60) somados.   

A esgrima olímpica era historicamente dominada por um pequeno grupo de países, como Itália, França, Hungria e Rússia/União Soviética, mas tem se democratizado para lugares com menos tradição, como Estônia e Hong Kong, que venceram em Tóquio suas primeiras medalhas de ouro no esporte. (ANSA).