Líder ucraniano afirmou que negociações na Casa Branca devem partir da atual linha de frente da guerra – mas Putin quer mais que isso. O que esperar da cúpula em Washington? O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (17/08), em Bruxelas, que as negociações com a Rússia sobre a guerra devem partir da atual linha de frente do conflito. A declaração foi feita às vésperas da importante reunião que terá na Casa Branca na segunda-feira com o presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado de líderes europeus.
Zelensky afirmou que a eventual cessão de território deveria se limitar à atual linha de frente da guerra. “Precisamos de negociações verdadeiras, o que significa que elas podem começar onde a linha de frente está agora”, disse.
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Mas, de acordo com uma reportagem do jornal americano New York Times, Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram na sexta-feira no encontro que tiveram no Alasca que a Ucrânia, que foi atacada, deve ceder completamente as regiões de Donetsk e Lugansk à Rússia, incluindo as áreas que atualmente não estão sob ocupação militar russa.
Na segunda-feira, Zelensky primeiro deve se reunir separadamente com Trump para tratar de possíveis concessões à agressora Rússia. Depois, estão previstas conversas em um círculo maior.
Estarão também na Casa Branca o chanceler federal alemão, Friedrich Merz, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente finlandês Alexander Stubb, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o secretário-geral da Otan Mark Rutte.
Meloni, Stubb e Rutte têm uma relação particularmente boa com o presidente dos EUA. Eles estão lá para amortecer eventuais ataques verbais que Trump possa fazer ao presidente ucraniano, de acordo com círculos diplomáticos.
Um escândalo como o que ocorreu durante a primeira visita oficial de Zelensky a Trump, no final de fevereiro, deve ser evitado a todo custo nesta fase altamente sensível das negociações sobre o destino da Ucrânia. Em fevereiro, Trump repreendeu seu convidado ucraniano diante das câmeras no Salão Oval, chamando-o de ingrato.
Zelensky saiu indignado. No entanto, Trump sabe que o bem-estar da Ucrânia depende em grande parte do apoio americano, tanto militar quanto político. Aos seus olhos, Zelensky é mais um suplicante do que alguém em pé de igualdade para buscar um acordo negociado.
Europeus querem cortejar Trump
A cúpula em Washington é, de certa forma, uma continuação da cúpula no Alasca.
Lá, Putin convenceu Trump a abandonar sua exigência de um cessar-fogo imediato na Ucrânia e, segundo a opinião unânime de analistas políticos na Alemanha, manteve de forma inalteradas suas exigências sobre anexação de territórios ucranianos, desarmamento da Ucrânia e levantamento das sanções contra a Rússia.
Agora, na avaliação dos aliados europeus, a tarefa é sugerir a Trump que sua abordagem de negociação é eficaz e convencê-lo a exigir mais concessões da Rússia.
O porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, disse em Berlim antes de partir para Washington que Merz “enfatizaria o interesse da Alemanha em um rápido acordo de paz na Ucrânia”.
Os europeus defendem um cessar-fogo ao longo da atual linha de frente. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a Ucrânia provavelmente teria que aceitar a anexação de territórios na prática, mesmo que isso não fosse reconhecido internacionalmente no âmbito jurídico.
A ‘cúpula tripartite’ está próxima?
Durante uma videoconferência com o presidente ucraniano no domingo passado, os líderes europeus mais uma vez se comprometeram com garantias de segurança para a Ucrânia. Eles ficaram satisfeitos em observar que os EUA também querem participar das garantias de segurança se um tratado de paz for concluído.
Pelo menos é assim que as declarações de Trump após a cúpula no Alasca estão sendo interpretadas em Berlim, Bruxelas, Londres e Paris. Se a reunião em Washington com a Ucrânia e os europeus produzir o resultado desejado, Trump quer organizar imediatamente uma “cúpula tripartite” com a Ucrânia e a Rússia. Possivelmente já na sexta-feira.
De acordo com o New York Times, Putin prometeu a Trump no Alasca que participaria, mas somente se a Ucrânia renunciasse a certos territórios antes.
Putin retrata falsamente o presidente ucraniano como nazista e ilegítimo no cargo. Analistas políticos em Berlim e em outras capitais europeias se perguntam se o russo realmente se encontrará com ele ou se tentará seguir ganhando tempo.