Antes de Bolsonaro, quatro ex-presidentes enfrentaram a Justiça

O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para dar seu veredicto esta semana no julgamento de Jair Bolsonaro, o primeiro ex-presidente a ser processado por tentativa de golpe de Estado desde o fim da Ditadura Militar (1964-1985).

No entanto, quatro dos sete ocupantes do Palácio do Planalto antes do político de extrema direita (2019-2022) foram em algum momento condenados, presos ou destituídos, a maioria por corrupção.

Enquanto aguarda a sentença, Bolsonaro se encontra em prisão domiciliar preventiva desde agosto.

– Fernando Collor de Mello (1990-1992) –

Primeiro presidente eleito por voto universal direto após a Ditadura, Collor (centro-direita) renunciou no meio do mandato depois que o Parlamento iniciou um processo de impeachment por corrupção passiva.

De volta à política em 2006 como senador, foi condenado em 2023 pelo STF a uma pena de oito anos de prisão por corrupção.

No contexto do megaescândalo revelado pela investigação “Lava Jato”, foi declarado culpado de ter facilitado “de forma irregular” a assinatura de contratos entre uma construtora e uma subsidiária da Petrobras.

Em maio, Collor foi autorizado a cumprir sua pena em prisão domiciliar por motivos de saúde.

– Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010, 2023-atual) –

Também alvo da investigação ‘Lava Jato’, Lula ficou preso por 580 dias, de abril de 2018 a novembro de 2019, após ter sido condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Acusado de ter recebido um tríplex à beira-mar em troca de contratos públicos com uma construtora, sua condenação foi finalmente anulada pelo Supremo Tribunal, que considerou, entre outras coisas, que o juiz que o havia condenado em primeira instância foi parcial.

Essa anulação permitiu à figura mais emblemática da esquerda brasileira disputar e vencer a eleição presidencial de 2022 contra o então presidente Bolsonaro.

– Dilma Rousseff (2011-2016) –

Sucessora de Lula, a primeira mulher eleita presidente do Brasil foi destituída durante seu segundo mandato consecutivo pelo Parlamento, que a acusou de manipulação das contas públicas.

A queda livre de sua popularidade, devido entre outras coisas a uma recessão e grandes manifestações, prepararam o terreno para o impeachment.

A esquerda considera até hoje que o processo foi um “golpe de Estado” parlamentar travestido de misoginia.

– Michel Temer (2016-2018) –

Rousseff foi substituída por seu vice-presidente Michel Temer (centro-direita), que também não demorou a aparecer nas primeiras páginas dos jornais devido aos seus problemas judiciais.

Acusado de corrupção no âmbito da ‘Lava Jato’, ele se livrou duas vezes em 2017 de um julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, graças a um voto desfavorável da Câmara dos Deputados.

Depois de deixar o poder, foi preso duas vezes em 2019 por obstrução de justiça, mas em ambas as ocasiões foi libertado poucos dias depois.

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