“Sou vítima política e sou inocente”. Carla Zambelli reiterou em juízo, perante magistrados, que não está envolvida nos crimes dos quais é acusada.
A ex-deputada brasileira com cidadania italiana, procurada pela Interpol para cumprir pena de 10 anos de prisão no Brasil e detida em Roma há dois dias, permanece reclusa no presídio de Rebibbia, na capital da Itália.
Mas o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está aumentando a pressão ao anunciar medidas para agilizar o processo de extradição da ítalo-brasileira do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, considerada culpada de hackear o sistema de informática do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Enquanto isso, a audiência preliminar no Tribunal de Apelação de Roma durou quase três horas, e uma nova sessão foi marcada para meados de agosto.
A próxima audiência discutirá a possível revogação da medida cautelar, conforme solicitado pelo advogado Pieremilio Sammarco.
Esse pedido é fortemente contestado, especialmente pelas autoridades de Brasília.
“A manutenção da prisão de Zambelli é importante por dois motivos: primeiro, impede que ela continue a atacar nossas instituições, algo que ela não poderá fazer da prisão. Segundo, evitaria a possibilidade, dada sua conduta passada, de que ela pudesse fugir da Itália caso acreditasse que uma decisão de extradição fosse iminente”, explicou o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca.
De acordo com o diplomata, “a parlamentar está usando uma narrativa falsa baseada em sua versão dos fatos que cercaram sua prisão, segundo a qual ela se entregou voluntariamente às autoridades italianas. Em vez disso, ela foi capturada em sua casa”.
Sobre a possibilidade de Roma aceitar o pedido de asilo de Zambelli, Mosca enfatizou que a Itália “tem políticas muito sérias no combate à criminalidade e na cooperação policial e judiciária”, inclusive com o Brasil.
“Não vejo a Itália, por questões de cidadania ou perseguição política, acobertando uma pessoa condenada no Brasil em processo judicial, com amplo direito de defesa”, acrescentou o embaixador brasileiro.
Por fim, destacou que as próprias autoridades judiciais brasileiras anunciaram que tomarão “todas as medidas necessárias para concluir, com a República Italiana, o processo de extradição” da ex-deputada.
O governo Lula, por meio do Itamaraty, apresentou um pedido de extradição à Itália em 11 de junho, e o pedido incluía garantias de que Zambelli não seria submetida a punição política ou tratamento que viole os direitos humanos. (ANSA).