CONTRA Os aliados de Bolsonaro atribuem à pouca vontade de Rodrigo Maia a pauta travada (Crédito:Mateus Bonomi)

O bloco aliado ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, vai jogando a toalha quanto à possibilidade de terminar o ano já com alguma das reformas estruturantes aprovada. Depois da impossibilidade de aprovação da reforma da Previdência, tinham se animado com as chances da reforma tributária. Mas já começam a perceber que a viabilidade também é remota. Acenaram, então, pelo menos com mudanças no Estatuto do Desarmamento, que teria mais chances de passar. Da mesma forma, recolhem agora a expectativa. Fizeram as contas e perceberam que já não haveria mais tempo de conseguir aprovar na Câmara e, depois, aprovar ainda no Senado antes da virada para 2019. A não ser que houvesse uma enorme associação de esforços para a aceleração da pauta, o que não há. Pelo contrário.

Câmara

Na Câmara, os aliados de Bolsonaro enxergam pouca vontade do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesse sentido. No caso, porém, a má vontade pode não ser exatamente dele. A maior parte da bancada do presidente eleito prefere outros nomes para o comando da Câmara. E o próprio Maia vem conversando para obter o apoio do bloco liderado por PDT e PSB.

Senado

No Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) não foi reeleito. Eles acreditam que ele, sem maiores compromissos, estaria trabalhando a aprovação das pautas-bombas que podem atrapalhar o próximo governo. No fundo, o que se julga é que tanto Maia quanto Eunício reagem ao fato de não terem sido chamados a participar das discussões sobre a transição.

Rápidas

* A bancada de Bolsonaro conversa para dividir de forma pacífica sua participação pelas comissões temáticas da Câmara. A ideia é mostrar unidade e evitar disputas desgastantes. Já fecharam onde deverá se dar a participação de duas deputadas que serão expoentes.

* Bia Kicis, eleita pelo PRP do Distrito Federal, deverá integrar a Frente Parlamentar de Agricultura, uma das bancadas fortes da Câmara. Como foi procuradora, deve ter atuação também em áreas próximas do Judiciário.

* Já Joice Hasselmann está sendo reservada para ocupar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes da Câmara. A ideia de que ela chegue como candidata à Presidência da Câmara está descartada.

* “Precisamos entender como essa Casa funciona. Não faz sentido querer sentar na janela logo de cara”, disse à ISTOÉ um integrante do PSL. Esse é o espírito inicial que deve prevalecer no partido de Jair Bolsonaro, o PSL.

A tiro

Divulgação

A aprovação do “excludente de ilicitude”, absolvição de policiais que matam alguém em serviço, será uma das primeiras bandeiras da nova Bancada da Bala no ano que vem. O deputado eleito Capitão Derrite (PP-SP) trabalhará nesse sentido. Ele se alinha à tese da autorização para “abater criminosos” que portem fuzis. “O indivíduo que porta uma arma de guerra atenta contra a vida dos demais cidadãos”, defende Derrite.

Retrato Falado

“Se houver indulto de Natal, será o último” (Crédito:EVARISTO SA)

No momento em que o Supremo Tribunal Federal discutia a proposta do presidente Michel Temer que ampliava o indulto de Natal para que atingisse mesmo os que cometeram crime de corrupção, o presidente eleito Jair Bolsonaro demonstrava pelas redes sociais sua disposição em contrário, no sentido de endurecer ao máximo. Segundo ele, o indulto deste ano, se houver, marcará o fim do benefício. Bolsonaro reafirmou que “vai pegar pesado” com quem comete crime.

Esquerda unida

Integrantes da esquerda, sem o PT, começaram essa semana a estabelecer planos de atuação conjunta para sobreviver nas próximas eleições. Eles temem que a guinada à direita representada pela eleição de Jair Bolsonaro possa trazer resultados ainda mais negativos em 2020. Assim, pensam em se associar em um plano de sobrevivência que vai além dos blocos que estão negociando para atuar em conjunto na Câmara e no Senado. O plano passa por lançar também candidatos únicos nas eleições majoritárias. As conversas unem não só PDT, PSB e PCdoB. Chegam mesmo ao Psol e Solidariedade. A ideia é ter candidatos únicos para prefeito em todas as cidades com mais de 200 mil habitantes.

Toma lá dá cá

Deputado delegado Waldir (PSL-GO)

Como vice-líder do PSL, que avaliação o senhor faz do fato de pautas de interesse do novo governo não avançarem na Câmara e no Senado?
Houve até algum diálogo. Mas vão prosperando temas que vão trazer um impacto financeiro grande, e isso nos preocupa. E é injusto. O país pode ser penalizado por causa de uma disputa eleitoral antecipada à presidência da Câmara.

Quando os problemas começaram, estabeleceu-se um grupo em contato com o futuro ministro Paulo Guedes para evitar as pautas-bomba. Está funcionando?
Temos um diálogo permanente com o Paulo Guedes e depois desse diálogo estamos nos reunindo no meu gabinete para tentar barrar essas pautas. Mas hoje o PSL é muito diminuto. Praticamente sou eu sozinho no partido.

Dias contados

Na eleição para o conselho deliberativo do SEBRAE-RJ, marcada para a terça-feira 5, dois cargos estratégicos estarão em jogo: a presidência e a diretoria-executiva. Os postos, hoje, estão sob a sombra do ex-governador Sérgio Cabral. Cesar Vasquez, atual diretor-executivo, é cunhado de Cabral e já respondeu a dois processos por má gestão e inconsistências no relatório de gestão. Já a atual presidente do conselho é Carla Pinheiro, presidente da Associação dos Joalheiros do RJ. A entidade foi beneficiada pelo ex-governador com incentivos fiscais. Se o bom senso prevalecer, a dupla estará com os dias contados.

Vendendo

Mateus Bonomi

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), está vendendo a Confederal, uma das maiores empresas de vigilância do país. O negócio está sendo agora avaliado pelo Cade, já que a empresa será vendida a outra do mesmo ramo. Discute-se um acordo para solucionar a situação em Mato Grosso, onde o Cade considerou que poderia criar-se um oligopólio.

Bate-boca

Divulgação

Terminou em grosso bate-boca uma discussão entre os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Lasier Martins (PSD-RS) em torno do fim do voto secreto na eleição para presidente do Senado. Renan rebateu que fosse contra o fim do voto secreto. E acusou Lasier de ter agredido a mulher. Lasier negou. A briga foi feia…