A ONG Anistia Internacional prometeu, nesta segunda-feira (19), “continuar trabalhando” para defender os direitos humanos na Rússia, depois que Moscou a declarou como “organização indesejável”, uma medida que representa a proibição de suas atividades no país.
“Vamos continuar trabalhando incansavelmente para garantir que todos os responsáveis por graves violações dos direitos humanos, seja na Rússia, na Ucrânia ou em qualquer outro lugar, sejam levados à justiça”, escreveu Agnès Callamard, secretária-geral da organização com sede em Londres, citada no comunicado.
“Nenhum ataque autoritário silenciará nossa luta pela justiça. A Anistia nunca se renderá e nunca recuará”, acrescentou.
Mais cedo nesta segunda, a Procuradoria-Geral da Rússia classificou a ONG como uma “organização indesejável” e proibiu suas atividades no país, após acusá-la de apoiar a Ucrânia.
A Rússia tornou ilegais dezenas de organizações internacionais como parte de uma repressão à dissidência e às críticas, que se intensificou desde que Moscou lançou uma ofensiva militar na Ucrânia em fevereiro de 2022.
“A sede da Anistia Internacional em Londres é um centro de preparação de planos russofóbicos em escala global, financiados por cúmplices do regime de Kiev”, disse o procurador-geral russo em um comunicado.
A Procuradoria indicou que a ONG “fez todo o possível para intensificar o confronto militar na região, justificando os crimes dos neonazistas ucranianos, exigindo maior financiamento para eles e apoiando o isolamento político e econômico” da Rússia.
O status de “indesejável” obriga as organizações a abandonar suas atividades na Rússia, além de colocar em risco os cidadãos russos que trabalham, financiam ou colaboram com elas, pois podem estar sujeitos a multas e a duras penas de prisão.
Em seu site, a Anistia Internacional descreve a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia como uma “guerra de agressão”.
Além disso, denuncia que na Rússia “os direitos à liberdade de expressão, reunião pacífica e associação são severamente restringidos” e afirma que há “perseguição arbitrária” de grupos religiosos e organizações LGBTQIA+, entre outros.
As autoridades russas estabeleceram pela primeira vez em 2015 uma lista de organizações declaradas “indesejáveis”, que hoje inclui 223 associações.
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