05/08/2022 - 12:15
A Anistia Internacional (AI) indicou nesta sexta-feira (5) que “apoia totalmente” seu relatório, duramente criticado pelas autoridades de Kiev, segundo o qual a Ucrânia põe em risco a vida de civis ao estabelecer instalações militares em escolas e hospitais.
A Anistia “mantém plenamente nossas conclusões”, disse à AFP por e-mail a secretária-geral da ONG, Agnes Callamard.
“As conclusões (…) são baseadas em evidências coletadas ao final de extensas investigações que seguiram os mesmos padrões rigorosos e diligentes aos quais todo o trabalho da Anistia Internacional é realizado”, acrescentou.
Em um relatório publicado na quinta-feira após uma investigação de quatro meses, a AI disse que os militares ucranianos colocaram civis em perigo ao estabelecer bases militares em áreas residenciais e lançar ataques a partir de locais povoados para impedir a invasão russa.
Segundo a ONG, essas práticas violam o direito internacional humanitário. Pouco depois, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a AI de apologia ao “Estado terrorista” da Rússia.
Poucas horas antes, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou estar “indignado” com as acusações “injustas” da ONG.
Em seu relatório, a AI enfatiza que as táticas ucranianas “não justificam de forma alguma os ataques indiscriminados da Rússia” contra a população civil.
Callamard disse que o governo ucraniano não respondeu aos pedidos da AI para comentar as alegações da organização.
Por outro lado, lembrou que a Anistia divulgou inúmeros relatórios “documentando crimes de guerra cometidos por forças russas na Ucrânia”.
Por sua vez, a responsável da AI na Ucrânia, Oksana Pokalchuk, indicou em nota no Facebook que a Anistia ignorou seus pedidos para não publicar o relatório, que não será traduzido para o ucraniano.
Callamard disse que este não é o momento de comentar as “imprecisões” na declaração de Pokalchuk, mas insistiu que o relatório passou por um “processo de revisão interna completo”.