As ONGs Amnistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) denunciaram nesta quarta-feira (11) em comunicados diferentes a saturação dos serviços de acolhimento de migrantes nas Ilhas Canárias espanholas, que registaram mais de 2.000 chegadas no fim de semana passado.
O porto de Arguineguín, na ilha de Gran Canaria, onde são montadas tendas temporárias para os recém-chegados, “está saturado e, segundo informações, as ordens de devolução estão sendo processadas sem assistência jurídica”, denunciou a Anistia Internacional em nota.
“As autoridades espanholas deveriam aliviar imediatamente as condições de saturação e insalubridade do cais de Arguineguín”, disse a HRW em outro comunicado.
Sua vice-diretora para a Europa e Ásia Central, Judith Sunderland, explicou que há alguns dias visitou essas instalações e encontrou “uma série de tendas saturadas, com pessoas mantidas ali por longos dias dormindo no chão e 30 ou 40 pessoas compartilhando um banheiro químico”.
“Não consigo imaginar a situação agora com o dobro de pessoas (…) Essas condições não respeitam a dignidade ou os direitos básicos dessas pessoas”, acrescentou.
De acordo com uma porta-voz da delegação do governo espanhol nas Ilhas Canárias, estão sendo feitos esforços para realocar os migrantes em instalações mais adequadas, embora ainda haja cerca de 1.800 pessoas nesse local.
Somente no sábado, o arquipélago recebeu mais de 1.400 migrantes – o maior número da história – superando até mesmo a crise de 2006, quando chegaram mais de 30.000 pessoas da costa africana, situada em frente.
O ministro do Interior, Fernando Grande Marlaska, informou que o acampamento provisório de Arguineguín, a princípio projetado para acomodar os recém-chegados por algumas horas e realizar testes de PCR, será em breve fechado e transferido para “alguns terrenos militares” em Las Palmas de Gran Canaria.
O anúncio foi feito durante uma visita à ilha com a Comissária Europeia para o Interior, Yvla Johansson, que defendeu o aumento das devoluções de migrantes não elegíveis a receber proteção internacional.
De acordo com reportagens da imprensa local mencionadas pela Anistia e pelo HRW, as autoridades espanholas estão processando ordens de devolução sem oferecer assistência jurídica aos migrantes, o que o Ministério do Interior negou à AFP.