O tratamento conferido à minoria uigur muçulmana na China constitui um crime contra a humanidade, denunciou a organização não governamental Anistia Internacional (AI) nesta quinta-feira(10), que descreveu detenções em massa, torturas e perseguições em um amplo relatório.

“As autoridades chinesas criaram uma paisagem infernal distópica em uma escala surpreendente na Região Autônoma Uigur de Xinjiang”, disse Agnès Callamard, secretária-geral da AI, em um comunicado.

“Uigures, cazaques e outras minorias muçulmanas sofrem crimes contra a humanidade e outras violações graves dos direitos humanos que ameaçam apagar sua identidade religiosa e cultural”, acrescentou.

O relatório de 160 páginas detalha dezenas de novos depoimentos sobre as “medidas extremas” que as autoridades chinesas têm tomado desde 2017.

Segundo o texto, centenas de milhares de pessoas já passaram pela prisão, às quais se somam os milhões que foram internados em campos de reeducação.

Essa reeducação inclui negar o Islã, abandonar dialetos indígenas e práticas culturais, aprender mandarim e propaganda do Partido Comunista Chinês.

Todos os ex-detidos ouvidos pela ONG narram torturas, maus-tratos, espancamentos, privação de sono e alimentação.

A Anistia Internacional relata a morte de um homem preso que foi amarrado por 72 horas em uma cadeira especial, na frente de outros presos.

“O governo chinês fez esforços extraordinários para ocultar suas violações do direito internacional”, denuncia a organização, que pede o desmantelamento “imediato” desses campos de reeducação.

Pequim nega as acusações de “genocídio” e garante que esses campos são centros de treinamento profissional para combater o terrorismo jihadista.