Anistia afirma que ‘genocídio continua sem pausa’ em Gaza apesar da trégua

A Anistia Internacional afirmou nesta quinta-feira (27) que “o genocídio dos palestinos cometido por Israel em Gaza continua sem pausa”, apesar do frágil cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro.

Questionado pela AFP, o Ministério das Relações Exteriores de Israel não respondeu, mas em outras ocasiões o país rejeitou acusações semelhantes, classificando-as como “mentirosas”, “antissemitas” ou “inventadas”.

Após mais de dois anos de guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, uma frágil trégua entrou em vigor em 10 de outubro sob pressão dos Estados Unidos.

Apesar disso, “Israel restringe severamente a entrada de alimentos e a restauração dos serviços essenciais para a sobrevivência da população civil”, escreveu a Anistia Internacional em um relatório que cita testemunhos e diversos estudos internacionais, especialmente da ONU.

“Fornecer ajuda limitada a alguns não significa que o genocídio terminou nem que a intenção de Israel mudou”, acrescenta o texto, em referência à ajuda humanitária que pôde entrar na Faixa de Gaza nas últimas semanas.

O pequeno território palestino foi devastado pela guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamista contra Israel em 7 de outubro de 2023.

“O cessar-fogo pode criar a perigosa ilusão de um retorno à normalidade para as pessoas que vivem em Gaza”, afirmou Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia, no comunicado que acompanha o relatório.

A ONG acusou pela primeira vez Israel de cometer um genocídio em Gaza em dezembro de 2024. Outras organizações também o fizeram, e a África do Sul levou Israel inclusive à Corte Internacional de Justiça (CIJ).

O ataque de 7 de outubro resultou em 1.221 pessoas mortas do lado israelense, em sua maioria civis, segundo dados da AFP com base em números oficiais.

Desde 10 de outubro, mais de 69.799 palestinos morreram na ofensiva militar de Israel, dos quais 352 por disparos israelenses, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, sob autoridade do Hamas.

O ministério, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU, não especifica o número de combatentes mortos, mas suas estatísticas indicam que mais da metade das vítimas são mulheres e menores.

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