Em alguns momentos, a vegetação até abafa o barulho dos automóveis, enquanto os guias apontam para aves e plantas diversas. O reflexo de edifícios, pontes e trens nas águas, no entanto, lembra que os visitantes estão em uma trilha, mas também em uma das áreas mais urbanizadas de São Paulo: o entorno da Marginal do Rio Pinheiros. O passeio é uma das iniciativas criadas neste ano para reaproximar a população das margens do rio, transformadas parcialmente em um parque linear, em fase de implantação.

O percurso de cerca de 3,5 quilômetros começa na Nossa Praça, um espaço recuperado por moradores na Avenida Professor Alceu Maynard Araújo, 651. Depois, atravessa a Ponte Laguna e segue pelo Parque Bruno Covas até a Estação Santo Amaro do Metrô.

Por ser feito em área aberta, cada passeio é único, dizem os guias. Em uma das ocasiões em que a equipe do Estadão esteve no local, bois pastavam às margens do rio. Na outra, dois quero-queros faziam barulho para afastar as pessoas de seus filhotes. Outras espécies de aves são vistas na vegetação, no chão e perto das águas.

Nas proximidades do Pomar Urbano, onde há um viveiro, a placa sinaliza: “Atenção: área de lazer de capivaras”. Nem sempre, contudo, os roedores se fazem presentes.

Também há flores, plantas e árvores variadas, parte cultivada desde a retificação do rio, parte de presença mais recente. Os guias mostram, por exemplo, a pouco conhecida fruta monstera. O rio está em processo de despoluição, o que significa que ainda pode ser visto algum lixo e mesmo haver eventual mau cheiro. Mas não como ocorria antes.

Objetivo

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O passeio é uma das iniciativas do Lab Rio Pinheiros, formado pelo escritório de urbanistas Metrópole 1:1 e pela organização SampaPé, em parceria com a concessionária do parque, a Farah Service. “É uma iniciativa de aproximação com o espaço e de entendimento da vocação do rio como parque”, diz Leticia Sabino, fundadora e diretora da SampaPé.

O roteiro do passeio foi feito pelo Instituto Trilhas. Educadora e gerente de projetos na organização, Michele Toledo comenta que o pôr do sol é outro atrativo. “Os animais a gente não garante, mas as árvores, sim. Comparamos a história do pau-brasil e da palmeira jerivá, por exemplo, com a da cidade.”

Moradora de Carapicuíba, na Grande São Paulo, a professora Angela Maria de Camargo Gontscharow, de 55 anos, participou da última edição da trilha. Até então, só havia passado pela região de trem. “O rio parecia mais limpo e não sentimos um cheiro desagradável.”

O advogado Val Garcia, de 47, também mudou sua impressão sobre o Pinheiros. “O que mais me chamou a atenção foi poder ver que existe um parque, com uma boa estrutura ainda em construção, que pode ser muito bem aproveitado.”

A trilha é feita em dois sábados por mês, das 15h30 às 17h30, com inscrições gratuitas (labrioprinheiros.org/eventos) e participação de 30 pessoas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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