Conforme prometeu, chanceler federal alemã, de 66 anos, esperou a sua a vez de ser vacinada. Primeira dose de imunizante da AstraZeneca foi ministrada em Berlim.Uma foto do cartão de vacinação, algumas breves linhas num comunicado e só. Ao contrário de muitos outros líderes mundiais, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, não fez muito alarde sobre o fato de ter sido vacinada com a vacina da AstraZeneca, produzida por uma empresa farmacêutica sueco-britânica.

A chanceler de 66 anos recebeu a vacina nesta sexta-feira (16/04). De acordo com o carimbo do médico no certificado de vacinação, a chanceler foi vacinada numa base das Forças Armadas Alemãs no bairro de Berlim-Wedding, que está sendo usada como centro de vacinação.

O anúncio foi feito em um curto comunicado divulgado pelo porta-voz da chancelaria, Steffen Seibert.

“Estou feliz por ter recebido a primeira dose de vacina da AstraZeneca hoje. Gostaria de agradecer a todos os envolvidos na campanha de vacinação – e a todos que vem tomando a vacina. A vacinação é a chave para superar a pandemia”, diz Merkel no comunicado.

Esperando a sua vez

Várias vezes nas últimas semanas, a chanceler teve que responder à pergunta sobre quando receberia a injeção e se aceitaria a da AstraZeneca. Sua resposta era sempre a mesma: “Quando chegar a minha vez, vou me vacinar, inclusive com a AstraZeneca”. Ela bem sabe o quão delicado é o tema da fila de vacinação, especialmente na Alemanha.

Políticos na Alemanha têm se esforçado para evitar passar por fura-filas, mesmo que não haja razão para que isso não fosse permitido – como no caso da chanceler.

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, também evitou alarde quandofoi vacinado no início de abril num hospital militar em Berlim. Seu gabinete apenas divulgou uma foto e um comunicado à imprensa, que confirmava que ele também havia recebido a injeção da AstraZeneca.

“Eu confio nas vacinas aprovadas na Alemanha”, disse Steinmeier, de 65 anos. “A vacinação é um passo decisivo para sairmos da pandemia. Aproveitem as oportunidades, participem.”

Em Baden-Württemberg, o governador Winfried Kretschmann, do Partido Verde, de 72 anos, é até agora um dos poucos políticos alemães que permitiu a presença de câmeras de TV ao ser vacinado em março. Ele também recebeu a vacina da AstraZeneca e se apressou em acrescentar que confiava em sua eficácia.

AstraZeneca agora apenas para pessoas com mais de 60 anos

Inicialmente, a vacina da fabricante sueco-britânica AstraZeneca só foi aprovada para pessoas com menos de 60 anos, pois não havia dados suficientes disponíveis sobre pessoas mais velhas nos ensaios.

Mas posteriormente surgiram alguns relatos perturbadores de incidentes isolados de trombose cerebral em pessoas vacinadas, especialmente entre mulheres mais jovens, e agora o imunizante da AstraZeneca só é distribuído para pessoas com mais de 60 anos.

Nesse contexto, a vacinação da chanceler pode ser entendida como um sinal de que ela continua apostando na vacina, apesar das incertezas.

Ao mesmo tempo, ela está bem ciente da rapidez com que podem surgir debates sobre se os políticos estão usando sua influência para garantir privilégios. No início da campanha de vacinação, em dezembro de 2020, houve relatos de alguns políticos locais que tiveram a vacina administrada antes do previsto. Bernd Wiegand, prefeito da cidade de Halle na Saxônia-Anhalt, por exemplo, foi suspenso do cargo após ter sido vacinado prematuramente.

Mais atenção midiática em outros lugares

Em outros países, líderes políticos são muito mais efusivos sobre a própria vacinação do que Merkel. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, por exemplo, foi vacinado em março, recebendo grande atenção da mídia, depois de uma passagem pelo hospital em decorrência de covid-19 no ano passado.

E o novo presidente dos EUA, Joe Biden, de 78 anos, nem estava no cargo ainda quando recebeu a vacina contra o coronavírus em frente às câmeras em um hospital no estado de Delaware, em dezembro de 2020 – embora tenha recusado a oferta de contar até três antes da agulha da seringa perfurar seu braço.

Merkel apela ao Bundestag por 'freio de emergência'

No início desta sexta-feira (16/04), Merkel insistiu aos legisladores que a apoiassem na implementação de bloqueios e toques de recolher em áreas com altas taxas de infecção pelo coronavírus.

“A terceira onda da pandemia tomou conta de nosso país”, disse Merkel, cujo discurso foi questionado por parlamentares do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). A AfD manteve uma postura anti-lockdown durante toda a pandemia.

Mas Merkel argumentou: “Os profissionais de terapia intensiva têm enviado um pedido de socorro atrás o outro. Quem somos nós para ignorar seus apelos?”