16/08/2019 - 3:00
Dos 50 milhões atuais, o mundo terá 152 milhões de pessoas com o problema nos próximos 30 anos. Junto com os doentes, cresce o número de cuidadores que possuem a rotina afetada pela doença. É comum esta pessoa desenvolver doenças originadas pelo estresse. Além de vários outros problemas físicos, esse familiar ou responsável pode apresentar também depressão, exaustão, insônia, irritação e falta de concentração. São problemas tanto físicos quanto psicológicos. Isso ocorre devido à sobrecarga de tarefas com o doente que aumenta com a evolução da doença.
Algumas dicas podem ajudar o cuidador a diminuir o estresse diário. Uma delas é aumentar o conhecimento sobre a doença, isso faz com que o familiar se prepare para as etapas do processo de demência, encarando as dificuldades de maneira mais prática. É importante que a pessoa tenha um sono reparador, pratique atividades físicas, tire um momento para si, mantenha uma rotina com amigos, medite, exercite a espiritualidade e se preciso participe de grupos de apoio.
Segundo a ONU, 75% dos doentes de Alzheimer desconhecem que sofrem do mal e a família, às vezes, é a última a perceber que aquele “simples” esquecimento, no idoso, é um dos sintomas iniciais. Além disso, muitos enfrentam o problema com a assistência médica. Com a crise e o achatamento das aposentadorias, a maioria não tem condições de pagar um plano de saúde e depende dos hospitais públicos/SUS que não oferecem um atendimento de excelência e acompanhamento constante.
Um diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento. É preciso ficar atento a alguns sinais de alerta e assim que percebidos, procurar o médico. São eles: problema de memória que afete as atividades diárias; dificuldade de realizar tarefas habituais, de comunicar-se, de raciocínio, desorientação no tempo e no espaço, diminuição da capacidade de juízo e crítica, alterações frequentes de humor e de comportamento, mudanças de personalidade, perda de iniciativa de fazer as coisas e colocar coisas no lugar errado com frequência.
Os idosos devem começar a fazer exames com 65 anos para descobrir se é possuidor da doença ou não. O paciente deve fazer um acompanhamento anual, exames de sangue e imagem para ver se está com atrofia de cérebro ou alguma carência que possa ser revertida. O tratamento ministrado atualmente é feito através de medicamentos e programas de atividades específicos para o paciente.
O tratamento da doença requer um atendimento multidisciplinar com atendimento por profissionais da área da neurologia, clinica médica, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutrição. Os cuidados com o paciente são essenciais para que ele tenha conforto. O convívio familiar também e muito importante. Sempre observar as mudanças de comportamento, ter cuidados com a higiene para evitar infecções, não entrar em conflitos e principalmente ter muita paciência e amor.
Andre Lima é neurologista diretor médico da Neurovida e membro da Academia Brasileira de Neurologia