André Codea: Queremos a maçã de volta!

Rio – Sou de uma época em que havia a imagem da maçã como símbolo da melhor forma de presentear um professor. À época de minha escolarização, que compreendeu o período entre 1970 e metade da década de 1980, a escola era sinônimo de respeito, de alegria e de conhecimento.

De lá para cá, muita coisa mudou, em muitos casos, não para melhor. As maçãs sumiram, mas sobram exemplos recentes de violência contra professores. Desde o quadro de afastamento de professores da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, em que a cada três horas, em 2018, um professor se afastou por problemas psiquiátricos, ao desabafo de uma professora em redes sociais, que foi agredida por uma responsável de aluno por cumprir o seu papel de resguardar e proteger este aluno, até o falecimento de um professor agredido por aluno.

Esses relatos de violência contra o professor traçam um complexo quadro que despersonaliza e desumaniza o professor. No imaginário de muitas pessoas, de profissional valorizado pela sociedade e com status de herói, o professor passou a vilão da história, sendo responsabilizado diretamente pelo fracasso dos alunos. Tal quadro, porém, não reflete a realidade do que acontece efetivamente dentro da Escola. Ela ainda é um espaço de respeito, de alegria e de conhecimento.

Definitivamente, o professor não é o vilão da história. É o herói. Luta em condições muitas vezes altamente desfavoráveis de condições de trabalho, sobrecarrega-se de empregos e encargos, usa de seu próprio recurso financeiro e tira de seu tempo pessoal para realizar ações em favor das escolas e dos alunos. Se sacrifica, perde sua saúde, mas não desiste. O professor tem atributos diversos para atender a todas as demandas que a ele chegam, pois, além do profissional do ensino, ele é fundamentalmente o profissional do cuidar.

Por meio de sua sensibilidade emocional, ele recebe e cuida carinhosamente dos alunos, dá atenção aos detalhes do ensino, tem especial dedicação com os alunos incluídos, auxilia a família a educar. O professor, não raro, vai muito além do seu ofício, o que Paulo Freire resumiu com sua excelência habitual: “a educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem”.

Se você é aluno ou responsável de aluno, converse com seu professor, converse com a escola. O diálogo é sempre melhor que a violência. Dê uma maçã, dê um carinho. Se você é professor, não desista. Ensinar é uma das melhores atividades que existem!

E que todos os dias, letivos ou não, sejam o Dia do Professor!

André Codea é professor