Restos de ferramentas de pedra desenterradas na China indicam que ancestrais dos humanos estavam presentes na Ásia cerca de 200 milênios antes do que se pensava, até 2,1 milhões de anos atrás, disseram cientistas nesta quarta-feira (11).

Se a datação estiver correta, a descoberta significa que os homininis – o grupo que inclui os humanos e as espécies extintas de nossos antepassados ​​- deixaram a África mais cedo do que os arqueólogos puderam demonstrar até agora, relatou uma equipe de pesquisadores na revista científica Nature.

“Nossa descoberta significa que é necessário agora reconsiderar o momento em que os primeiros humanos deixaram a África”, disse o coautor Robin Dennell, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.

Acredita-se que os homininis tenham surgido na África há mais de seis milhões de anos. Eles deixaram o continente em várias ondas migratórias, a partir de dois milhões de anos atrás.

Os primeiros migrantes eram provavelmente membros da espécie Homo erectus (homem reto) ou Homo ergaster (homem trabalhador) – predecessores extintos de nosso próprio grupo, o Homo sapiens (homem sábio), que surgiu há cerca de 300.000 anos.

O mais antigo fóssil africano conhecido atribuído a um membro da família Homo é um maxilar de 2,8 milhões de anos da Etiópia.

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Anteriormente, a evidência mais antiga de homininis na Ásia vinha da Geórgia, na forma de pedaços de esqueletos fossilizados e artefatos datados entre 1,77 milhão e 1,85 milhão de anos atrás.

Houve outras alegações não comprovadas de descobertas de fósseis ainda mais antigos, disseram os autores do estudo.

As 96 ferramentas de pedra recentemente descobertas, principalmente lascas feitas com martelos rudimentares e provavelmente usadas ​​para cortar carne e outros alimentos, foram extraídas de 17 camadas de sedimentos do planalto de Loess, no sul da China.

A camada mais nova tinha 1,26 milhão de anos e a mais antiga, 2,12 milhões de anos.

Não havia ossos de homininis.

Dennell e uma equipe usaram um campo da ciência conhecido como “paleomagnetismo” para datar as camadas de sedimentos. Elas se formam quando poeira ou lama se assentam antes de serem cobertas por outra nova camada de solo.

Qualquer artefato encontrado dentro de uma camada teria a mesma idade que o solo em volta.

O paleomagnetismo se baseia em mudanças no campo magnético da Terra, cujas datas históricas são bem conhecidas pelos cientistas.

Dennell e uma equipe mediram as propriedades magnéticas dos minerais nas camadas do solo para determinar quando eles foram depositados.

Isso datou as ferramentas, de um tipo conhecido por terem sido produzidas por espécies Homo na África desde pelo menos 3,3 milhões de anos atrás.

O artigo oferece fortes evidências de uma presença de homininis na Ásia muito antes do que se pensava, disse Dennell.


“Pode haver evidências mais antigas em lugares como Índia e Paquistão, mas até agora (…) as evidências não são fortes o suficiente para convencer a maioria da comunidade de pesquisa”, disse à AFP.

“Com este tipo de alegação, de uma presença humana precoce em uma região, a evidência tem que ser absolutamente impermeável e à prova de bomba”.

Quem fez as ferramentas?

“Provavelmente uma forma primitiva do nosso próprio gênero Homo”, disse Dennell, embora mais pesquisas sejam necessárias para identificar a espécie.


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