Ancelotti terá a missão de ‘arrumar a casa’ e buscar o hexa com o Brasil após deixar Madri

Chegou ao fim, neste sábado, uma era de quatro anos. O encontro entre Real Madrid e Real Sociedad, que terminou em 2 a 0 para os mandantes, marca o encerramento do contrato de Carlo Ancelotti com a equipe que comandava desde 2021. A partir de domingo, o treinador italiano ganhará um novo desafio: comandar a seleção brasileira rumo à Copa do Mundo de 2026 e ao sonho do hexacampeonato mundial.

A segunda passagem do técnico pelo Real Madrid foi vitoriosa. Ao todo, Ancelotti ergueu nos últimos meses, junto com seus comandados, 11 troféus, incluindo dois de Mundiais. Somados às taças de sua primeira vez à frente da equipe, entre 2013 e 2015, são 15 campeonatos na conta do treinador.

“Carlo Ancelotti fez parte para sempre da grande família madridista. Sentimo-nos orgulhosos de ter podido desfrutar de um treinador que nos ajudou a conseguir tantos sucessos e que, além disso, representou os valores do nosso clube de forma exemplar”, disse o presidente do clube, Florentino Pérez, no anúncio da saída do italiano.

Já há algumas semanas, surgiam boatos de que o técnico estava pressionado em sua posição no Real Madrid. Neste fim de temporada, o clube caiu nas quartas de final da Liga dos Campeões, diante do Arsenal, perdeu a final da Copa do Rei para o Barcelona e ainda viu seu maior rival na liderança do Campeonato Espanhol pela maior parte da competição, encerrando com a taça. Ancelotti chegou a comentar sobre, em entrevista coletiva em abril.

“Não sei se eles se cansaram de mim”, disse, referindo-se aos torcedores. “Talvez. Mas o que importa é que a pessoa mais importante não se cansou. O que pode mudar a dinâmica é se a pessoa mais importante deste clube se cansar”, concluiu, citando Florentino Pérez. Dias depois, a CBF anunciou a contratação do treinador.

Como comandante da seleção mais campeã do mundo, Ancelotti terá uma missão: fazer a equipe brasileira voltar a vencer. Em Copas do Mundo, já são 23 anos sem um resultado relevante. Com exceção da Copa de 2014, em que foi derrotada na disputa de terceiro lugar, a seleção brasileira caiu nas quartas de final em todas as edições desde 2002. Na Copa América, a equipe nacional venceu em 2019, e a partir desta edição chegou à final somente em 2021.

No momento atual, o desempenho brasileiro também não está bom. Apesar de estar na quarta colocação nas Eliminatórias da Copa do Mundo, o elenco tem mais derrotas do que as demais seleções então classificadas para o mundial do próximo ano. Falhas técnicas e táticas ainda são frequentes na equipe. Não à toa o Brasil, além de ter conseguido vitórias pouco convincentes, sofreu na última Data Fifa uma de suas piores derrotas na história, contra a Argentina, que terminou em 4 a 1.

O tempo, no entanto, joga contra o técnico. Até a Copa, Ancelotti terá poucas oportunidades de ver a seleção atuando. Estão programadas apenas mais seis Data Fifa até junho do ano que vem, quando o mundial começa, e mais da metade delas serão de amistosos. O período curto é também um empecilho para que o treinador possa fazer uma análise melhor dos jogadores que atuam no País.

“Ele está lutando contra o tempo, nós estamos lutando contra o tempo para a seleção brasileira. Nós demoramos muito tempo para que pudesse escolher o treinador, escolhemos oficialmente esse treinador um ano antes da Copa do Mundo, faltando quatro jogos das eliminatórias”, afirmou o bicampeão mundial Cafu, em uma entrevista na final da Kings League. “É muito pouco para o treinador conhecer melhor o futebol brasileiro.”

O próximo desafio começa na próxima semana. Já nesta segunda-feira, mesmo dia em que será apresentado, Ancelotti convocará a seleção pela primeira vez. Em sua pré-lista, estão alguns dos jogadores com quem já trabalhou: Richarlison, seu atleta no Tottenham; e Casemiro, que não aparece na equipe nacional desde março de 2024. Neymar também está listado, apesar de ter acabado de voltar de lesão. A convocação será seguida de uma entrevista coletiva.

A seleção brasileira entrará em campo novamente no dia 5 de junho, contra o Equador. A partida acontece no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, em Guayaquil, a partir das 20h (horário de Brasília). A seleção equatoriana é segunda colocada das Eliminatórias da Copa. Dias depois, em 10 de junho, o Brasil enfrenta o Paraguai. O jogo será em São Paulo, na Neo Química Arena, às 21h45 (de Brasília). As duas equipes têm os mesmos 21 pontos na tabela.