A greve dos servidores do Banco Central já impacta a agenda regulatória do órgão, como o Open Finance, o Novo Marco Cambial, e projetos relacionados a instituições de pagamento, além do real digital, segundo a Associação Nacional dos Analistas do BC (ANBCB). A ANBCB tem divulgado boletins diários sobre os efeitos da mobilização em cada departamento da autarquia.

Nesta quinta-feira, 14, a associação noticiou os impactos sobre as atividades do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor), ligado à Diretoria de Regulação. Segundo a associação, 75% dos servidores do departamento estão em greve.

“A agenda regulatória pactuada com o Diretor de Regulação está suspensa desde a última semana de março, a agenda regulatória futura será afetada e respostas a consultas e realização de reuniões para esclarecimento, às instituições reguladas, sobre regulação financeira estão suspensas”, disse a nota.

Os servidores do BC estão em greve por tempo indeterminado desde 1º de abril, em busca de recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira. A proposta de 5%, que deve ser proposta pelo governo, como mostrou o Broadcast, é considerada insuficiente, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), Fábio Faiad. A categoria terá nova assembleia para definir os rumos do movimento na próxima terça-feira (19).

Faiad avalia que a sinalização de reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo a partir de julho pode ser um balão de ensaio, algo repetido por um técnico do BC. “Isso foi balão de ensaio para enfraquecer o movimento”, disse, avaliando que o movimento tende a continuar mesmo se a proposta for oficializada.

Há, contudo, entre os servidores, quem veja que o movimento pode se dividir em dois momentos, com o reajuste impositivo de 5% para todos os servidores federais, como o governo sugere, e outro capítulo para pleitear a reestruturação de carreira, com a mudança do nome do cargo de analista para auditor e a exigência de ensino superior para o concurso de técnico. Mas a estratégia adotada neste novo capítulo, se a continuidade da greve ou outro mecanismo de pressão, deve ser medida na assembleia do dia 19.

Questionado, o BC afirmou que não iria se manifestar.