Quando se esperava um debate mais propositivo, o público se deparou com ataques repetitivos, exatamente nos mesmos padrões do primeiro turno. Esse foi o tom do último debate das eleições de 2024, promovido pela TV Globo nesta sexta-feira, 26.

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) deixaram, novamente, as propostas de lado e focaram em pautas ideológicas e passados criminais, sem abrir mão das ironias e provocações.

O debate começou quente, com Nunes adotando uma estratégia incisiva logo na primeira pergunta. Seu objetivo era associar Boulos à insegurança pública.

De imediato, o emedebista questionou Boulos sobre o projeto de aumento de penas para criminosos, discutido na Câmara dos Deputados. Esse tema dominou quase todo o primeiro bloco. Boulos rebateu, mencionando que estava com Lula (PT) no Palácio do Planalto no momento da votação.

O candidato do PSOL também partiu para o ataque, citando problemas nos cemitérios e provocando Nunes ao perguntar se ele deixaria seus filhos na Praça da Sé. No debate anterior, Nunes afirmou ter visto crianças brincando na praça, considerada uma das áreas mais perigosas da capital paulista.

A essência do debate, porém, não trouxe novidades: Nunes apostou em pautas ideológicas para atrair o apoio do bolsonarismo e aumentar a rejeição de Boulos, enquanto o candidato do PSOL focou nos problemas de gestão e nas investigações que envolvem o atual prefeito.

No terceiro bloco, os candidatos intensificaram os ataques, utilizando os passados criminais para atingir um ao outro.

Nunes trouxe à tona o histórico de Boulos à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e, assim como no debate da Record/Estadão, citou declarações de um promotor para tentar desqualificar o psolista.

Por outro lado, Boulos foi mais agressivo e “metralhou” seu adversário com acusações. Ele mencionou o escândalo da Máfia das Creches, empresas de ônibus e funcionários da Prefeitura supostamente ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), além de um episódio em que Nunes teria disparado um tiro na porta de uma boate.

Em meio aos ataques, Ricardo Nunes parecia acuado, nervoso e irritado. Guilherme Boulos aproveitou o momento e começou a intimidar o emedebista com sua linguagem corporal, incomodando o prefeito.

Boulos pediu calma e tentou pintar Nunes como alguém sem conhecimento profundo da cidade. O prefeito, por sua vez, tentou se defender criticando o PSOL em relação a projetos liberais que tramitaram na Câmara Municipal.

Com o debate dominado pelos ataques, Nunes solicitou dez direitos de resposta, mas apenas um foi concedido. Boulos fez três pedidos, obtendo sucesso em uma ocasião.

O debate da Globo foi o último das eleições de 2024. No domingo, 27, pouco mais de nove milhões de eleitores vão decidir os rumos da maior cidade da América Latina para os próximos quatro anos. Enfim, acabou.