Enfim, acabou. Depois de 11 debates, a Globo realizou nesta quinta-feira, 3, o último entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. E, por incrível que pareça, foi o melhor realizado.

Nos bastidores, todos esperavam o oposto do tempo frio e chuvoso de São Paulo. A expectativa era de temperatura alta um estúdio ‘pegando fogo’.

Foram quatro blocos. Dois foram em altíssimo nível. Na segunda metade do certame o nível caiu — mas ainda em patamar aceitável.

Logo na chegada, o clima, que dava indícios de guerra, foi bem calmo. Apoiadores de Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) ficaram muito próximos uns dos outros. Com provocações, sim, mas sem brigas.

O clima entre a militância foi levado para os dois primeiros blocos do debate. Os cinco candidatos participantes – Ricardo Nunes (MDB), Marçal, Boulos, José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) – mantiveram um nível muito acima do visto desde o começo da campanha. Ataques velados, críticas óbvias, mas todas rebatidas com propostas.

Claro, o prefeito foi a vidraça. Críticas à gestão de Nunes foram feitas por todos os lados.

Boulos e Tabata até chegaram a fazer uma dobradinha para atacar o atual prefeito. A tentativa do psolista foi pelo ralo no terceiro bloco, quando a deputada o questionou sobre recuos de opinião durante a campanha.

Já Marçal e Nunes, que disputam a preferência dos conservadores, fizeram questão de acenar ao eleitorado evangélico. O candidato do PRTB até afirmou que criará um “jejum do crime” na capital paulista, que tem altos índices de violência, principalmente no centro de São Paulo.

Nos últimos dois blocos, os candidatos foram ‘para as cabeças’. Valia tudo para conquistar os votos.

Ataques para todos os lados, lembranças de casos já desmentidos e acusações que já ficaram até cansativas. A temperatura aumentou mais entre Marçal e Boulos, que abriram o descambo, ainda com ameaças de “começar com gracinha”.

Já o candidato do PSOL, além de mostrar um exame toxicológico que comprova não ser usuário de cocaína, protagonizou diversos embates com Nunes, com trocas de diversas acusações, incluindo a citação de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em resumo, o debate da Globo foi o melhor do ano —mesmo com as ressalvas citadas acima. O que transpareceu após o encontro é que as emissoras – e até às próprias campanhas – aprenderam a lidar com as novidades dessa disputa para equilibrar os níveis.

A criação de advertências e a inédita expulsão no debate do Grupo Flow assustaram os candidatos, que moderaram os ataques. O nível da corrida pela prefeitura só aconteceu após essa remodelagem de regras e organização.

A campanha não para por aqui. Teremos debates no segundo turno ainda. Serão ao menos seis, o que é muito para uma campanha de apenas 15 dias.

A tendência é de elevação nos níveis de propostas com os dois candidatos, mas ainda é cedo para apostar. O segundo turno será movido pela rejeição, a depender de quem estiver. A ver os próximos capítulos.